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Lula tinha até avião à disposição em viagens a Angola

Ex-presidente Lula participa da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e NutricionalBrasília (DF) – As viagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Angola a convite da Odebrecht tiveram regalias como um avião colocado à disposição do governo local, visitas a obras de interesses da empreiteira e uma discussão sobre financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a projetos locais. Feitos por diplomatas que acompanharam as duas visitas, os relatos são de documentos sigilosos do Itamaraty obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo deste domingo (18).

Segundo a reportagem, mesmo anos após deixar a Presidência, o “tratamento protocolar” oferecido a ele era de “chefe de Estado”.

Em 2011 e 2014, Lula esteve no país a convite da construtora. Em ambas as viagens, o ex-presidente foi acompanhado do patriarca do grupo, Emílio Odebrecht, prestes a se tornar delator da Operação Lava Jato.

Na ação penal, o petista é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de servir como “garoto-propaganda” da empreiteira nas viagens, pelas quais recebeu o equivalente a R$ 800 mil.

A acusação afirma que os pagamentos por palestras na África eram “cortina de fumaça” para encobrir a intenção da Odebrecht de usar Lula como “fiador” de empréstimos a serem liberados pelo BNDES para obras no país.

Segundo os relatórios do Itamaraty, as palestras feitas pelo petista foram “calorosamente” aplaudidas por uma plateia de autoridades e empresários locais, além de terem tido “ampla cobertura da mídia local”.

Já em maio de 2014, na segunda viagem, o governo local teria colocado à disposição um avião para que a comitiva fosse visitar no interior do país uma usina produtora de açúcar e etanol. A unidade era uma parceria da Odebrecht e a estatal petrolífera Sonangol.

Segundo o despacho, na visita ao país, Lula novamente se reuniu com o presidente angolano e discutiu a linha do BNDES para a construção da hidrelétrica de Laúca, pela Odebrecht. O Ministério Público Federal ressaltou em denúncia que o financiamento, de R$ 2 bilhões, só saiu graças ao petista.

O próprio relatório da embaixada destacava o interesse das empreiteiras brasileiras pelas obras no país africano. Em depoimento ao Ministério Público no DF, o petista negou ter tratado do financiamento com o presidente.

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