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Sem vaga formal na CPI da Pandemia, mulheres se destacam

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Por seis meses, o Brasil acompanhou atentamente os trabalhos da CPI da Pandemia no Senado. Foram 66 reuniões, mais de 50 depoimentos e, ao final, diante dos registros de mais de 600 mil mortos pela Covid-19, apresentou-se o relatório com 1.179 páginas, propondo o indiciamento de 65 pessoas, entre elas o presidente Jair Bolsonaro por nove delitos, incluindo crimes de responsabilidade e contra a humanidade.

Além das discussões acaloradas, registrou-se um fato: a ausência de mulheres como titulares da comissão. Mas nem por isso elas se excluíram do debate. Sem vaga formal na CPI, as senadoras participaram de todas as reuniões.

A presença da bancada feminina chegou a ser objeto de protesto do então senador Ciro Nogueira (PP-PI), que se licenciou do mandato para comandar a Casa Civil. Na ocasião, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (MDB-AM), assegurou a participação das mulheres no colegiado.

Machismo

A CPI também foi palco de situações que exempleficam o machismo à que as mulheres brasileiras são submetidas todos os dias. No depoimento do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) confrontou-o. Ela afirmou que houve omissões por parte da CGU durante a negociação da vacina Covaxin. Sem resposta clara, o ministro reagiu, dizendo que ela estava “totalmente descontrolada”.

Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A senadora respondeu e obteve o apoio dos demais parlamentares. Simone Tebet acusou Wagner Rosário de cometer “machismo explicito”.

“Quando a mulher tenta, desde o início do século passado, buscar espaços de poder; quando ela abria a boca para divergir, era chamada de louca, histérica e exaltada. Toda vez que ousa enfrentar, ela é chamada de descontrolada. Essa palavra é inadmissível”, destacou a senadora.

Em seguida, Simone Tebet acrescentou que a palavra “é emblemática e não pode ser dirigida enquanto uma mulher está se posicionando e defendendo suas ideias”.

Linha de frente

Durante a pandemia, as mulheres assumiram a linha de frente do combate à Covid-19, e também houve as que perderam o emprego e precisaram se reinventar. A nova rotina obrigou as mães a conciliar o trabalho com a criação dos filhos em casa, e também despertou o desejo de intensificar a luta contra a violência doméstica.

Dos 6 milhões de profissionais da saúde, do setor público e privado, cerca de 65% são do sexo feminino. Em carreiras como a enfermagem e a psicologia, as mulheres representam mais de 80% da participação. Os dados são do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

*Com informações da Agência Senado