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No Rio de Janeiro, tucana cria instalação em casa para protestar contra o feminicídio e homenagear vítimas

Foto: Divulgação

A atriz e cineasta Simone Soares (PSDB-RJ), que foi candidata a vereadora no Rio de Janeiro nas eleições municipais de 2020, encontrou uma forma criativa de protestar contra o número crescente de feminicídios no Brasil e homenagear as vítimas. Ela criou, em um dos cômodos de sua casa, uma instalação com 500 sapatos colados lado a lado nas paredes. A obra se intitula “Eu não vou fazer esse caminho”.

Em entrevista ao PSDB-Mulher Nacional, ela contou que a ideia para o projeto surgiu após a leitura do livro Feminicídio #InvisibilidadeMata, lançado pelo Instituto Patrícia Galvão e a Fundação Rosa Luxemburgo.

“Como mulher, me senti tocada para fazer alguma coisa, criar algo que pudesse dar visibilidade à causa. Não podemos tolerar nenhuma violência contra nós mulheres”, afirmou.

“Achei que a arte poderia fazer essa ponte, chamar a atenção para que a gente possa discutir o problema, conscientizar da gravidade, e trabalhar para mudar esse cenário de violência contra nós mulheres, utilizando os sapatos que nos levam a caminhos. Eu não quero que nenhuma mulher faça esse percurso até o feminicídio”, disse.

Por conta da pandemia do coronavírus, os 250 pares de sapatos, comprados em brechós e doados por pessoas próximas, foram instalados no apartamento da artista. A ideia é mover a instalação para um local de acesso público, dando mais visibilidade à obra, uma vez que as medidas de isolamento social não sejam mais necessárias.

Conscientização

Em 2020 foram registrados 1.338 feminicídios no Brasil, segundo dados compilados pelo jornal Folha de S.Paulo junto às Secretarias de Segurança Pública dos 26 estados e do Distrito Federal.

Uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos foi vítima de algum tipo de violência no último ano, durante a pandemia do coronavírus. As informações são de uma pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Cerca de 17 milhões de mulheres, 24,4% das entrevistadas, sofreram violência física, psicológica ou sexual em 2020.

Foto: Reprodução/Facebook

Para Simone Soares, é importante discutir abertamente o tema para que homens e mulheres se conscientizem acerca do que constitui violência contra a mulher, os tipos diferentes existentes, e quais são as leis de proteção que se aplicam.

“Com a promoção de debates, seminários sobre o tema, as pessoas se tornam agentes transformadores. Muitas mulheres às vezes sofrem algum tipo de violência e não têm conhecimento, como a violência patrimonial e psicológica. Não é só a violência física que está tipificada na Lei 11.340, mais conhecida como a Lei Maria da Penha, que é um mecanismo de proteção para nós mulheres, juntamente com várias outras políticas públicas que dispõem de centros de atendimento e de acolhimento”, destacou ela.

“É importante discutir o tema para se tomar conhecimento que também temos políticas públicas, e para que homens que insistam na prática respondam pelos seus atos perante a Lei”, acrescentou.

A tucana avaliou ainda que a erradicação da violência contra a mulher no Brasil passa, necessariamente, por uma representatividade mais robusta de mulheres nos espaços de poder, seja nos âmbitos municipal, estadual ou federal,

“Precisamos da participação ativa das mulheres na vida política do país, legislando, discutindo, debatendo o problema e propondo soluções”, completou.