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“Nem tudo é livre e permitido nas redes sociais”, por Yeda Crusius

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Recentemente, o cientista político Fernando Schüller fez uma reflexão muito interessante sobre a “hiperconexão com a realidade”, o universo paralelo das redes sociais, que rompeu com as esferas do silêncio gerando instabilidade no ambiente de convivência entre pessoas de distintos pensamentos e credos. Nada pode ser mais atual e pertinente!

A democracia, como lembra Schüller, pressupõe o desafio de viver em desacordo, ainda que conectados uns aos outros nas redes digitais. Como diz o especialista: não é simples, mas deve ser enfrentado por todos aqueles que defendem e acreditam nela como a melhor maneira de governar.

Minha amiga Ludmila Passos, uma das mais competentes psicólogas com especialização em desenvolvimento humano, professora e servidora pública federal, indicada para Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Social e Direitos Humanos do Distrito Federal, foi defenestrada publicamente de forma vil.

A execração foi motivada pela divulgação de um trecho descontextualizado de áudio que gerou tal constrangimento que aquela que poderia ser a referência na pasta – cujas atribuições são cuidar de políticas de trabalho, assistência social, transferência de renda e segurança alimentar e nutricional – viu-se obrigada a renunciar.

Pelas redes sociais tudo parece ser livre e permitido. A ética e os princípios devem nos guiar sempre. Não podemos permitir os ataques pessoais. Nós, mulheres, devemos repudiar o que houve com a nossa companheira de partido, assim como faríamos com qualquer com um homem, jovem ou idoso, sem distinção.

A companheira Lêda Tâmega, do alto de sua sabedoria, definiu bem: atacaram Ludmila covardemente ao divulgarem intencionalmente trechos do tal vídeo. Todos têm direito a rever suas opiniões, a reavaliar suas posições e reconhecer enganos em determinado julgamento precipitado.

É imperdoável trazer à tona temas tratados em ambiente restritos à militância e debatidos internamente! Pela luta das tucanas, equidade e espaço em todas as instâncias partidárias, devemos seguir adiante em meio às intempéries. Não esmorecemos em meio aos ataques e pressões.

*Yeda Crusius é presidente nacional do PSDB-Mulher, deputada federal no quarto mandato pelo Rio Grande do Sul, ex-governadora e ex-ministra do Planejamento.