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“A distância que separa os jovens dos partidos políticos”, por Nathalia Tupan

Arquivo pessoal de Nathalia Tupan
Arquivo pessoal de Nathalia Tupan

Arquivo pessoal de Nathalia Tupan

Nos últimos meses vimos vários movimentos populares apartidários com o objetivo de lutar contra a corrupção no Brasil. Movimentos estes que foram cruciais no posicionamento da maioria dos deputados e senadores quanto ao impeachment.

O que me chamou a atenção nessas manifestações é que grande parte delas foi composta por jovens. Vimos, assim como aconteceu no impeachment de Fernando Collor, a juventude ir às ruas e tomar a frente de uma causa política e social como há muito tempo não fazia.

Talvez um dos motivos para que isso tenha acontecido é que as redes sociais, onde cerca de 90% dos jovens brasileiros se encontram, foram a principal forma de divulgação de informações e mobilização destes movimentos, e por meio delas a juventude se manifesta, opina, participa e atua na construção da sociedade.

Segundo uma pesquisa divulgada esta semana pela PUC-PR, 81% dos jovens não se candidatariam a cargos políticos, sendo que para 42,4%, o motivo é a corrupção; outros 23,8% disseram não entender ou não gostar de política e 90% não tem preferência por um partido político.

Tais dados me chamaram a atenção porque, vendo os jovens aderindo aos movimentos, pensei que a juventude estava se engajando novamente, e que haveria uma onda crescente de jovens participando constantemente da política.

No atual modelo político em que vivemos a participação partidária é necessária quando queremos mudar uma realidade. Se nós, jovens, estamos cansados da corrupção, precisamos buscar um partido que se aproxime ao máximo de nossa ideologia e participar, colocar nossos nomes à disposição para os pleitos eleitorais, só conseguiremos afastar os corruptos colocando pessoas de boa índole nos cargos eletivos.

Outra questão crucial é buscar um canal de comunicação com os jovens, para que estes entendam a política, entendam como funciona a administração pública no país, quais são as atribuições dos cargos, porque existem os partidos, e isto deve ser ensinado nas escolas. Não conhecemos nossa própria Constituição! A base dos nossos direitos fundamentais. Nos EUA e na Inglaterra por exemplo, as constituições nem estão consolidadas em texto, porque os direitos fundamentais são ensinados às crianças desde o início de sua formação, nas escolas e no ambiente familiar.

Se a juventude é o futuro do país, e a tendência é ter jovens cada vez mais capacitados e aptos a assumir cargos políticos, precisamos falar com eles, mostrar que daqui a 10 anos serão eles que estarão nas câmaras, prefeituras, congresso nacional e governos. Precisamos fazer com que entendam de política e queiram estar nela, pois somente conseguimos lutar por uma causa nos engajando, a prova disso está nos movimentos populares.

Os jovens precisam positivar seus anseios, devem continuar críticos, mas acima de tudo precisam fazer alguma coisa para mudar a realidade que os deixa insatisfeitos. Não adianta permanecer somente nas redes sociais como “ativistas de sofá”. A juventude precisa estar nos partidos políticos, nos movimentos de rua e principalmente nos pleitos eleitorais.

*Nathalia Tupan Cordeiro é publicitária, estudante do 5º ano de direito. Militante do PSDB, membro da Frente das Jovens Tucanas do Brasil, Secretária de Comunicação da JPSDB – PR.