Nos últimos meses vimos vários movimentos populares apartidários com o objetivo de lutar contra a corrupção no Brasil. Movimentos estes que foram cruciais no posicionamento da maioria dos deputados e senadores quanto ao impeachment.
O que me chamou a atenção nessas manifestações é que grande parte delas foi composta por jovens. Vimos, assim como aconteceu no impeachment de Fernando Collor, a juventude ir às ruas e tomar a frente de uma causa política e social como há muito tempo não fazia.
Talvez um dos motivos para que isso tenha acontecido é que as redes sociais, onde cerca de 90% dos jovens brasileiros se encontram, foram a principal forma de divulgação de informações e mobilização destes movimentos, e por meio delas a juventude se manifesta, opina, participa e atua na construção da sociedade.
Segundo uma pesquisa divulgada esta semana pela PUC-PR, 81% dos jovens não se candidatariam a cargos políticos, sendo que para 42,4%, o motivo é a corrupção; outros 23,8% disseram não entender ou não gostar de política e 90% não tem preferência por um partido político.
Tais dados me chamaram a atenção porque, vendo os jovens aderindo aos movimentos, pensei que a juventude estava se engajando novamente, e que haveria uma onda crescente de jovens participando constantemente da política.
No atual modelo político em que vivemos a participação partidária é necessária quando queremos mudar uma realidade. Se nós, jovens, estamos cansados da corrupção, precisamos buscar um partido que se aproxime ao máximo de nossa ideologia e participar, colocar nossos nomes à disposição para os pleitos eleitorais, só conseguiremos afastar os corruptos colocando pessoas de boa índole nos cargos eletivos.
Outra questão crucial é buscar um canal de comunicação com os jovens, para que estes entendam a política, entendam como funciona a administração pública no país, quais são as atribuições dos cargos, porque existem os partidos, e isto deve ser ensinado nas escolas. Não conhecemos nossa própria Constituição! A base dos nossos direitos fundamentais. Nos EUA e na Inglaterra por exemplo, as constituições nem estão consolidadas em texto, porque os direitos fundamentais são ensinados às crianças desde o início de sua formação, nas escolas e no ambiente familiar.
Se a juventude é o futuro do país, e a tendência é ter jovens cada vez mais capacitados e aptos a assumir cargos políticos, precisamos falar com eles, mostrar que daqui a 10 anos serão eles que estarão nas câmaras, prefeituras, congresso nacional e governos. Precisamos fazer com que entendam de política e queiram estar nela, pois somente conseguimos lutar por uma causa nos engajando, a prova disso está nos movimentos populares.
Os jovens precisam positivar seus anseios, devem continuar críticos, mas acima de tudo precisam fazer alguma coisa para mudar a realidade que os deixa insatisfeitos. Não adianta permanecer somente nas redes sociais como “ativistas de sofá”. A juventude precisa estar nos partidos políticos, nos movimentos de rua e principalmente nos pleitos eleitorais.
*Nathalia Tupan Cordeiro é publicitária, estudante do 5º ano de direito. Militante do PSDB, membro da Frente das Jovens Tucanas do Brasil, Secretária de Comunicação da JPSDB – PR.