Política

PSDB no Senado repete Câmara e vota 100% a favor do impeachment

Banner lateral do siteTodos os 11 senadores do PSDB votaram, na manhã dessa quinta-feira (12), pelo prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Assim, os tucanos do Senado repetiram seus colegas da Câmara, que no dia 17 de abril deram 52 votos a favor do afastamento da petista.

Em seu discurso no plenário da Casa, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, salientou que seu voto pelo afastamento de Dilma representa o desejo de milhões de brasileiros que foram às ruas de todo o país protestar contra o governo. “Não foi um conjunto de parlamentares que decidiu, por conta própria, retirar da presidente da República a imunidade que só eles poderiam retirar para que ela pudesse, eventualmente, estar sendo julgada a partir da eventual admissibilidade desse processo pelo Senado Federal. Foi o povo que fez isso”, argumentou tucano.

“Foram os brasileiros, em primeiro lugar, que foram às ruas de todas as partes do Brasil, sem exceção, para dizer um basta definitivo a tanto desprezo à verdade, à ética e à correção na gestão da coisa pública”, completou o presidente nacional do PSDB em seu pronunciamento.

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), destacou que a saída da presidente é somente o primeiro passo no processo de recuperação do país. “É o momento de olharmos para o futuro. Não adianta mais falar de impeachment, ficar discutindo o mandato desastroso da Presidente Dilma Rousseff, um mandato que termina hoje sem sequer ter começado, porque o que está havendo hoje no Brasil é muito grave. Mas não podemos nos iludir que a partir desse instante se encerra um ciclo. Não! Pelo contrário, estamos apenas diante do começo, o começo de um caminho que será árduo, difícil, complexo, duro e que exige grandeza, espírito público, patriotismo e amor ao Brasil”.

Relator do processo de impeachment de Dilma, o senador Antonio Anastasia (MG), último tucano a discursar antes do início da votação, ponderou que existem condições suficientes para a abertura do processo contra a presidente. “Na conclusão que falo aqui, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, com serena convicção e com absoluta tranquilidade, reafirmo os termos do meu relatório e do parecer que foi aprovado pela comissão. Parece-me que estão presentes, de maneira cristalina, os elementos necessários, os indícios suficientes, não para a condenação, que ainda não se cogita isso, mas para abrirmos o processo e aí, sim, ao longo dos próximos meses, possamos discutir, com calma, com base nas provas, a ocorrência ou não dos crimes de responsabilidade”, apontou o tucano.

O senador Aloysio Nunes (SP) afirmou que não existe chances de a petista retornar ao Palácio do Planalto após a decisão desta quinta. “Esse processo é irreversível. Ela não voltará mais. Não tenho dúvida nenhuma, porque ela perdeu condições de governar esse país. Não há ninguém que acredite, nem mesmo os seus defensores, que se esmeram num combate de retaguarda para cobrir a retirada de um exército derrotado. Ela perdeu todas as oportunidades!”, destacou.

O senador Ataídes de Oliveira (TO) ressaltou que os brasileiros não merecem ter um governo corrupto à frente do país. “O Senado Federal vai devolver ao povo brasileiro o seu País, tirando da garra do PT essa gestão. Eles [crimes] são insignificantes diante de tantos outros aqui narrados e outros mais. Ela [Dilma] vai cair pela abertura indevida de créditos suplementares e dinheiro emprestado junto a estatais. O Brasil, senhor presidente, é muito maior do que essa corja de malfeitores que está sendo tirada do poder hoje. Temos um povo honesto e trabalhador, que merece um governo à altura de sua grandeza”, disse o parlamentar.

O impacto negativo dos crimes cometidos pelo governo na vida dos brasileiros foi o principal argumento utilizado pelo senador Ricardo Ferraço (ES) ao declarar seu voto favorável ao afastamento. “O reflexo dos crimes praticados se dá nos indicadores sociais, que já reverteram todos os históricos ganhos que foram contabilizados nos últimos anos. Pessoas que perderam a esperança de um futuro digno. Empresas que estão fechando e a economia está se acabando. Não há programa social que sustente uma crescente massa de desempregados, empresas fechando e a economia se desintegrando. O Estado perde, portanto, a capacidade de financiar qualquer política pública”, analisou.

Em seu discurso, o senador Paulo Bauer (SC) lembrou que, além de cometer os crimes de responsabilidade pelos quais vem sendo julgada, Dilma também mentiu ao país durante a campanha eleitoral de 2014, o que impactou diretamente no resultado do pleito presidencial.

“Há quem diga que esses processos ou que esses procedimentos feitos pela Presidente são coisas poucas, são coisas pequenas, são coisas que não tem tanto significado. Mas o que está em torno disso tem grande significado. E mais significado tem ainda o golpe praticado nas eleições de 2014, quando a presidente da República disse ao País que as contas estavam em dia, que o país continuaria progredindo, que nós teríamos momentos de grande felicidade”, comentou Bauer, que encerrou seu pronunciamento com uma visão otimista sobre o futuro.

“Mas, ao final de tudo, nós já teremos um Brasil diferente, porque, sob o comando do vice-presidente e com a unidade da política e dos bons políticos, certamente nós vamos tirar o Brasil das crises que ele vive, a crise ética, a crise econômica, a crise política e vamos fazer com que o nosso país outra vez se erga e enxergue o futuro e possa trazer, para cada coração, de cada brasileiro, de cada trabalhador, outra vez, aquilo que conseguiram roubar dele: a esperança de viver num Brasil mais feliz, maior e mais justo”, acrescentou o tucano.

Ao realizar seu pronunciamento, o senador Tasso Jereissati (CE) traçou um paralelo entre o impeachment de Dilma e o afastamento enfrentado por Fernando Collor de Mello em 1992. O tucano também alertou para a necessidade de mudanças no sistema político do país, mas destacou o papel das instituições brasileiras no processo de impedimento da presidente.

“Pela segunda vez na vida participo de um processo de impeachment. Hoje, como em 92, vislumbro que, independentemente da inquestionável responsabilidade dos presidentes, há nos dois episódios um elemento comum: o fracasso do modelo político, um modelo que se exauriu e está na raiz das diversas crises que nos atingem”, disse.

“Não deixa de ser constrangedor estarmos aqui, pela segunda vez em menos de um quarto de século, reunidos para julgar um presidente da República. Diga-se de passagem que, se por um lado vivemos uma época de instabilidade, também é reconfortante perceber que as instituições têm dado prova de sua solidez”, completou o parlamentar.

O senador Flexa Ribeiro (PA), ao fazer seu discurso a favor do afastamento de Dilma, ironizou a estratégia petista de classificar o impeachment como um “golpe” contra a democracia, utilizada à exaustão pelos defensores do governo.

“O PT, ao longo desse tempo todo, usou um mantra do golpe: ‘É golpe! É golpe!’ Golpe? Golpe foi o que foi dado na nação brasileira nas eleições de 2014. Foi aqui citado, várias vezes, que a presidente foi eleita por 54 milhões de votos, e que o vice-presidente não teve voto. A chapa foi única! Quem votou na Presidente votou no Vice-Presidente; então, os votos dela são os votos dele”, disparou o paraense.

Para o senador Dalírio Beber (SC), o futuro governo comandado por Michel Temer deve estar mais próximo da sociedade, algo que a gestão de Dilma não conseguiu fazer. “Este governo foi inviabilizado por uma presidente da República inábil e se deslegitimou, de verdade, por decisão da maioria absoluta dos brasileiros. Infelizmente, precisa ser afastada o mais rapidamente possível, para permitir que se dê início imediato à tão difícil, mas desejada e indispensável reconstrução nacional. O eco do clamor das ruas foi ouvido pelo Congresso Nacional. Disso deve ficar uma lição para o governo que se inicia amanhã: o governo não poderá estar distante da sociedade, além de trabalhar com o propósito diário de governar para melhorar a vida de todos os brasileiros”, ponderou.

O senador José Serra (SP) destacou que o afastamento da presidente, apesar de ser uma medida amarga, representa a única solução possível para o país. “Ao fim e ao cabo, o impeachment é um processo arrastado, penoso, causa constrangimentos pessoais, produz até alianças estranhas e representa uma quase tragédia para o país. Eu penso assim. Nós deveríamos de toda maneira procurar evitá-lo se pudéssemos e se fossem outras as circunstâncias. Isso é que não foi possível. E agora esse impedimento, esse processo se impõe como um remédio que é amargo, mas é essencial. A continuidade do Governo Dilma, do meu ponto de vista, seria uma tragédia maior. Eu duvido que alguém neste plenário ache que nós chegaríamos a 2018 sem que a situação se deteriorasse de maneira insuportável”, analisou.