Opinião

“Ministério da fuga”, por Marcello Richa

Presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná, Marcello Richa (1)No dia 13 de março, milhões de brasileiros saíram às ruas por todo o país para protestar contra o governo federal, Dilma Rousseff, Lula e a corrupção. Foi a maior manifestação da história do Brasil, superando as Diretas Já, e mostrou que a população está unida contra a impunidade e os rumos da política brasileira. A mensagem, extramente clara, gerou todo o tipo de reação errada do governo federal.

Ignorando milhões de pessoas que foram às ruas para exigir justiça contra corruptos e maior força nas investigações contra políticos, Dilma busca garantir que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ingresse no governo como ministro, com o único objetivo de obter foro privilegiado e fugir do juiz Sérgio Moro na primeira instância da Justiça Federal. Afinal, na era petista, a agenda Brasil jamais fica na frente da agenda de poder.

A eventual nomeação de Lula para ocupar o cargo de ministro tem boas chances de ser nula por desvio de finalidade e a oposição tomará as medidas jurídicas necessárias para evitar o deslocamento da competência para o Supremo Tribunal Federal (STF). Independente dos desdobramentos legais que acontecerão caso seja confirmada a nomeação, apenas cogitar a ideia de levar Lula para um ministério com o objetivo de fugir da lei já é uma afronta.

A questão de Lula assumir um ministério já seria constrangedor o suficiente, mas a máquina de escândalos petista é a única coisa que funciona 24h no governo federal. Apenas dois dias após a maior manifestação contra o governo federal da história, temos um novo escândalo, desta vez envolvendo o ministro mais próximo de Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante.

Nesta terça-feira (15) chegou ao alcance da mídia um áudio do ministro Mercadante oferecendo ajuda ao senador Delcídio do Amaral (PT-MS) para evitar uma possível delação premiada. O governo rapidamente afirmou, assim como Mercadante, que foi uma atitude individual do ministro, com o objetivo de prestar “solidariedade” pessoal.

Dilma disse não saber de nada (resposta padrão petista) e que repudia a tentativa de envolvimento do seu nome. Impressiona como as lideranças petistas nunca sabem de nada e como integrantes da cúpula costumam agir por conta própria em assuntos extremamente delicados para o partido e governo federal.

Foram apenas dois dias, mas as atitudes pós-manifestações mostram que o governo federal continua ignorando a população em prol da sua agenda de poder. Para isso, pouco importa se realizam ações imorais, antiéticas ou criminais. O país não precisa ser assim, mas é o que eles querem que os brasileiros acreditem.