Opinião

“Renuncia, Dilma!”, por José Aníbal

Foto: Agência Câmara

jose anibal foto Agencia CamaraMarcio Pochmann, fantasioso intelectual petista, escreve no nº 32 (janeiro a março de 2016) da revista Interesse Nacional artigo intitulado “Virada Neoliberal?”. Lá pelas tantas, afirma: “Assim como o resultado das eleições presidenciais de 2014 não foi suficiente para viabilizar o programa econômico vencedor nas urnas, a federação brasileira segue sem um geográfico centro dinâmico e articulador político e econômico nacional”. Não copiei errado, não. A reflexão sobre a federação brasileira entra aqui como o garçon na Santa Ceia. Já a “reflexão” sobre eleições revela bem a esquizofrenia do lulopetismo desnorteado. Todos sabem, inclusive eles, que o resultado das eleições de 2014 foi um megaestelionato eleitoral. Tanto que, no dia seguinte, o governo já estava paralisado, incapaz de viabilizar o programa do estelionato por uma simples razão: tinham quebrado o Brasil!

Desde então, o lulopetismo desagrega-se em quase todas as frentes, numa abrangência correspondente à gravidade dos crimes cometidos. Na economia simplesmente não sabem o que fazer. Suas fabulações não resistem aos fatos. O “novo” ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, é uma irrelevância. Nada consegue fazer para criar qualquer alternativa à ruína causada pela desastrada gestão de Dilma, a Exterminadora de Futuro. Mas a fantasia persiste nas elocubrações de seus intelectuais, como Pochmann e outros. Suas viseiras, suas confortáveis posições na academia impedem-nos de firmar um compromisso elementar com a realidade do desemprego, da paralisia, do retrocesso, da desorganização das contas públicas e suas nefastas consequências para a vida da população.

Sob qualquer ângulo que se analise, vivemos dia a dia a iminência de descobrir se realmente existe ou não um alçapão no fundo do poço. Em 2015, ano em que amargamos uma retração de 4% na economia, cerca de 100 mil lojas fecharam no país, 1 milhão de alunos tiveram que trocar as escolas privadas pelas públicas e pelo menos 100 mil pessoas deixaram seus planos de saúde porque não tinham mais condições de pagar pelos serviços. O país perdeu 1,5 milhão postos de trabalho, o que produziu o número recorde de 9 milhões de desempregados.

A paralisia é generalizada, e o impasse a que chegamos atinge fortemente, também, os gestores públicos do Brasil. Estão vivendo um cotidano próximo ao pânico diante da escassez de recursos e, sobretudo, das incertezas quanto a cumprir suas obrigações inadiáveis nos próximos meses. Sabem que já não podem alimentar nem mesmo a ilusão de contar com qualquer socorro do governo federal. Este, depois de fantasiar sobre as contas públicas deste ano, que serão fortemente deficitárias, brinca com o fogo de um endividamento que pode ser insustentável. A tal ponto que já começa a despertar desconfiança quanto à capacidade do governo de, mesmo com reiteradas pedaladas, manter o precário equilíbrio da economia.

A melancólica comemoração do aniversário do PT, com a ausência deliberada e reveladora de Dilma, foi mais um ato a confirmar a desagregação política, o isolamento e o descrédito do petismo. Destaque para a fala derrotada de Lula e a ameaça de seu quimérico retorno em 2018. Um insulto aos brasileiros empobrecidos e desiludidos por suas transgressões sem limites.

Sabemos que Dilma está só. Mal se movimenta. Passa o tempo tramando urdiduras palacianas para prolongar seu desmoralizado mandato e com ele a agonia a que submete os brasileiros. Estamos retrocedendo em todas as frentes. Desafios urgentes se agravam pela inação, descrédito e incompetência do governo. O Congresso Nacional, aqui e ali, tenta construir caminhos alternativos. Não faltam ideias sobre o que é preciso fazer para recuperar a economia e sanear a vida pública. Mas será tudo em vão, enquanto Dilma permanecer.

No próximo dia 13, vamos novamente às ruas. Que as manifestações sejam grandiosas por todo o Brasil! Quem sabe Dilma se anime a fazer o único gesto pelo qual os brasileiros vão aplaudi-la: a renúncia pelo bem do Brasil!

*José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela