Sobre a pesquisa realizada pelo IPEA e divulgada na última semana sobre o comportamento das mulheres e sua parcela de responsabilidade nos crimes sexuais, entendo que há pessoas que desacreditam de pesquisas … eu acredito nelas, agora mais do que nunca!!
Como Delegada de Polícia e por mais de 20 anos trabalhando em Delegacias de Defesa da Mulher e Plantões Policiais no Estado de São Paulo vi, ouvi e presenciei o tratamento dado às vítimas de violência sexual.
Quantas vezes, nas madrugadas de trabalho, as vítimas ouviram a seguinte pergunta: – Onde você estava a essa hora, com essa roupa?
Com essa pergunta, a própria vítima já se condenava… e pensava: Será que se eu estivesse em casa, dormindo, não teria sido vítima desse crime tão cruel?
É evidente que se uma pessoa, homem ou mulher, transita sozinho (a) em determinado horário por ruas mal iluminadas, por exemplo, estará se expondo a diversos tipos de crime, furtos, roubos, agressões de todos os tipos e até homicídios. Todavia, o crime vai só vai ocorrer se ali estiver também, um criminoso. Nos casos de violência sexual não é diferente.
Já atendi muitos casos de estupro, atentado violento ao pudor (nomenclatura que desapareceu com a Lei 12.015/2009), importunação ofensiva ao pudor, prática de ato obsceno. As vítimas, na sua grande maioria, eram do sexo feminino – bebês, crianças, adolescentes, adultas e idosas.
Os bebês e as crianças, vítimas dentro dos seus próprios lares – ou em locais que deveriam ser de proteção.
As adolescentes, adultas e idosas – que estavam seguindo para o trabalho, para a escola, para a padaria, etc… seus trajes eram dos mais diferentes tipos.
A única semelhança existente entre todos os crimes era o fato de que havia um estuprador naquele local e naquela hora, junto àquela vítima.
Precisamos proteger e amparar as vítimas, jamais vitimizá-las novamente.
Telma Tulim – Advogada – Delegada de Polícia Aposentada – Vereadora-PSDB – Tupã/SP
Fonte: PSDB Mulher SP