A agonia cotidiana dos refugiados sírios, nos campos na Turquia, ganham alguma suavidade com o comportamento das mulheres, que ficam mais descontraídas, contando sobre suas angústias e dificuldades diárias.
A informação é da Folha de S. Paulo.
Na condição de refugiadas, essas mulheres precisam tomar as rédeas do planejamento familiar, tornando-se responsáveis por evitar a concepção sem o conhecimento dos maridos.
A rotina nos campos é muito diferente da vida na Síria. Enquanto os homens trabalham na terra em fazendas da região, toda a organização dos campos fica a cargo das mulheres.
Com mais tempo sozinhas, elas se sentem à vontade para definir sobre os rumos das próprias vidas.
Nos campos, as mulheres passam a maior parte do tempo com crianças e adolescentes por perto.
Elas utilizam o hijab, véu que cobre somente os cabelos, e muitas possuem pequenas tatuagens no rosto, em forma de riscos ou pontos, que demarcam a etnia à qual pertencem.
Os olhos estão quase sempre muito esfumados de kajal (um tipo de maquiagem) e muitas possuem piercings no nariz, que geralmente são colocados nas meninas quando ainda são bebês.
Elas cozinham, organizam e limpam tendas, cuidam das crianças, cuidam de si próprias e precisam se reinventar, todos os dias, para manter os campos funcionando.
Há mulheres que dão à luz dentro da tenda e que no dia seguinte estão de pé cozinhando, preparando o khubz saj, um pão bem fino assado diariamente que forma a base da maioria das refeições no campo.
Há meninas de 15 anos que nunca menstruaram e meninas da mesma idade com dois filhos no colo.
A Turquia é o país com o maior numero de refugiados sírios. São cerca de 3 milhões e, segundo a ONU, 90% deles vivem fora de campos oficiais do país.