Michele Ayres, 24 anos, é mãe do rechonchudo Heitor, de 2 meses. Pela primeira vez, ela vai passar o Dia das Mães longe de casa, em Portel, região do Marajó. Michele cumpre pena no Centro de Recuperação Feminina (CRF) há dez meses, por envolvimento com tráfico de drogas. Há quatro meses, foi acolhida pela Unidade Materno-Infantil da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Inaugurada em 2013, o espaço oferece atendimento médico 24 horas às mulheres grávidas e lactantes detidas, com uma equipe multidisciplinar formada por enfermeiras, nutricionistas, psicólogas e assistentes sociais.
No centro de acolhimento, o presente de Michele nesse Dia das Mães vai ser estar perto do filho. “Eu poderia estar presa, sem o meu bebê, mas estou aqui, juntinho dele. Aqui, me deram todo o apoio, até roupinhas, fraldas e brinquedos para o meu filho. A gente chega aqui sem nada e recebe tudo”, disse a mãe.
Com 21 anos, Gisele Ribeiro suspeitava estar grávida quando foi presa, em janeiro, por associação ao tráfico de drogas. Depois de uma semana na Unidade Materno-Infantil da Susipe e com a confirmação da gravidez, vacinas, exames e vitaminas diárias, a jovem comemora: “A vida aqui é outra. Eu me sinto à vontade, com a companhia de outras grávidas e um completo atendimento médico que pode garantir a minha saúde e a do meu bebê”, contou Gisele, enquanto se emocionava ouvindo os batimentos cardíacos do seu filho, que se for homem, será Thiago Gabriel e se for menina, vai se chamar Ticiane Graziele.
A Unidade Materno-Infantil da Susipe está, atualmente, com dez gestantes e sete lactantes e seus respectivos bebês. Desde a primeira consulta pré-natal, é feito o acompanhamento às grávidas, inclusive nutricional, tanto às grávidas quanto aos futuros filhos. “Realizamos rodas de conversas com elas, junto com nossa equipe, para conscientizar sobre a importância do leite materno. Tanto que todos os nossos sete bebês estão exclusivamente no peito. Não tivemos nenhum caso de desmame”, contou a enfermeira coordenadora da unidade, Luciana Freire.
Cuidado – O aleitamento materno também é incentivado pelo governo por meio de uma série de atividades de estímulo à prática, como as que há no Hospital Regional Público do Marajó, em Breves, onde existem o Grupo de Apoio ao Aleitamento Materno Exclusivo, o programa Pai Canguru, no qual os pais passaram a ter livre acesso para visitar e acompanhar os filhos e companheiras, e o Espaço da Gestante e Sala de Apoio à Amamentação.
O Hospital Regional Público do Marajó tem uma das dose salas de amamentação e ordenha oferecidas pelo Governo do Estado para garantir às mães um espaço monitorado e tranquilo para a retirada do leite para seus bebês. Os espaços garantem condições também para as servidoras que retornam da licença maternidade e não querem interromper a amamentação.
A Sala de Apoio existente na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará existe há 29 anos, desde que o banco de leite foi implantado no hospital, referência em atendimento e aleitamento materno no Estado. O local recebe tanto as mães pacientes, que estão com filhos internados, quanto as servidoras que trabalham na Santa Casa. Dos 2,8 mil funcionários existentes na unidade de saúde, 80% são mulheres. “As mães vêm aqui, podem retirar o leite, com a máxima higiene e levar em segurança para seus bebês tomarem no final do dia. Com isso, nossas servidoras, inclusive, acabam faltando menos”, disse Cynara Souza, coordenadora da sala de apoio.
A Sala de Apoio da Santa Casa recebe de 30 a 40 mães por dia. Uma equipe fica de plantão 24 horas, com uma agente de enfermagem e uma pessoa para auxiliar nos procedimentos com equipamentos de segurança. No local, as mulheres podem esvaziar as mamas com conforto, privacidade e segurança. O leite é armazenado em frascos, previamente esterilizados, para depois, ser oferecido ao filho. O leite coletado é mantido em um freezer a uma temperatura controlada até o fim do dia, com uma etiqueta identificando o nome da mãe, a data e a hora da coleta. No fim do expediente, a mãe pode levar o leite armazenado para casa e oferecer a seu filho.
A bombeira Ana Kécia trabalha há três anos na sala de apoio da Santa Casa, já que o Corpo de Bombeiros atua em parceria com o hospital, fazendo o serviço de coleta de leite na casa das doadoras e o levando ao banco de leite. Mas em janeiro deste ano, foi a própria servidora que se beneficiou dos serviços da sala de ordenha. Depois de ter cumprido os seis meses de licença-maternidade, Ana voltou à jornada de doze horas diárias de trabalho preocupada em não deixar de amamentar o filho. Durante dois meses, ela ia à sala de apoio duas vezes ao dia, onde retirava 240 mls de leite, a cada visita. Assim, pôde fazer um desmame tranquilo.
“Para mim foi de suma importância esse serviço. Eu me senti muito bem acolhida, principalmente no primeiro dia de volta ao trabalho, longe do meu filho.Ser recebida com uma equipe preparada, sempre com um sorriso no rosto, foi fundamental”, concluiu a mãe.
*Do portal do governo do Pará