Opinião

“O dia que mudou o Brasil”, por Solange Jurema

Maceió 6Ninguém esperava o que aconteceu em 13 de março de 2016, data que merece entrar para a História do Brasil, ao lado do movimento pelas Diretas Já – que até então havia levado o maior número de brasileiros às ruas –e as manifestações pelo impeachment de Collor.

As pessoas se anteciparam aos horários marcados e foram enchendo as ruas de capitais e cidades do interior do país de modo jamais visto. De maneira pacífica, ordeira e até alegre – embora demonstrando indignação para com a corrupção e o autoritarismo que tomaram de assalto as instituições nacionais -, um mar verde, amarelo e branco transbordou pelas calçadas e tomou as páginas de todos os jornais daqui e do mundo. Ficou difícil ignorar o recado dado pelos brasileiros.

Quem reclamava de foco deve estar satisfeito. De Norte a Sul, a mesma pauta:

– Impeachment da presidente Dilma Rousseff.
– Investigação e punição do ex-presidente Lula.
– Apoio irrestrito ao juiz Moro e à Operação Lava-Jato.

As manifestações do #VemPraRua impressionam pela capilaridade, já que manifestantes saíram às ruas em 326 cidades. Pelo peso político, por retirar do atual governo qualquer resquício de legitimidade que porventura ainda lhe restasse, para seguir à frente da administração federal.

Impressionam, principalmente, por desmontar definitivamente o argumento petista de sermos um povo dividido entre “nós e eles”. O que se viu ontem foi uma população unida em torno de uma só vontade: definir imediatamente novos rumos para o Brasil.

Leio nos jornais desta segunda-feira (14) que o Planalto aposta em ato com a presença de Lula para mostrar resistência ao que aconteceu no domingo.

Confesso minha perplexidade. Pretendem resistir ao povo? À vontade soberana dos que, até ontem diziam representar? Como pretendem ignorar a voz de seis milhões de brasileiros, que saíram às ruas por livre e espontânea vontade, sem lanche ou transporte pago, sem liderança política ou sindical a orienta-los?

O futuro está nas ruas do Brasil. Contra a vontade popular, cabe apenas a humildade de fazer um mea-culpa e aceitar o veredito.

O dia da libertação chegou.

*Solange Jurema é presidente do Secretariado nacional da Mulher/PSDB