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Violência política contra mulheres: o crescimento de 484% nas denúncias e o impactante caso de Emília Pessoa

Foto: iStock

O ano de 2024 registrou um aumento alarmante de 484% nas denúncias de violência política contra mulheres, segundo dados recentes. Este número revela um grave retrocesso nos direitos e na segurança das mulheres que atuam na esfera política, expondo um cenário de hostilidade e discriminação de gênero que persiste em pleno século 21.

Segundo o levantamento, grande parte das ocorrências está relacionada a ameaças, ofensas e violência psicológica. Esses atos têm como principal objetivo intimidar e afastar as mulheres do cenário político, comprometendo sua participação plena na democracia. O caso de Emília Pessoa, política do PSDB no Ceará, é um exemplo emblemático da violência de gênero enfrentada por mulheres em cargos de poder.

Um exemplo recente e alarmante dessa violência ocorreu em Caucaia, Ceará, envolvendo a candidata à prefeitura, Emília Pessoa (PSDB/CE). Na manhã de sábado, 17 de agosto de 2024, Emília foi alvo de um atentado em sua própria residência, localizada no bairro Capuan, enquanto participava de um café da manhã com familiares, lideranças da coligação partidária e outros candidatos a vereador. Segundo relatos, dois homens armados com pistolas circularam em uma moto sem placa e dispararam mais de dez tiros em frente à casa da candidata. Felizmente, ninguém ficou ferido, mas o incidente gerou grande comoção e temor entre os presentes.

Em nota à imprensa, Emília Pessoa descreveu o episódio como uma tentativa de intimidação política e reiterou sua determinação em continuar sua campanha eleitoral. “Ouvimos os diversos disparos de arma de fogo em frente à minha casa. A polícia esteve presente no local para as devidas providências e aguarda-se urgentemente esclarecimentos”, afirmou a candidata. Emília enfatizou que, apesar do ataque, continuará a percorrer as ruas e bairros de Caucaia, dialogando com a população e defendendo suas propostas.

A candidata também aproveitou para denunciar a escalada da violência no município e cobrar ações mais efetivas das autoridades de segurança pública. “Espera-se que as autoridades competentes mudem os números absurdos de violência que vivemos. Não quero resposta tão somente desse caso que aconteceu comigo, mas sim do que pode ser feito para que todos nós possamos viver em paz”, declarou.

Emília estava em café da manhã com aliados na sua casa quando tiros foram disparados no local | Foto: Reprodução/Instagram

A especialista em ciências políticas, Marta Ribeiro, afirma que o crescimento das denúncias reflete dois fatores principais: o aumento da participação feminina na política e a maior disposição das vítimas para denunciar. “O fato de mais mulheres denunciarem esses atos de violência é um indicativo de que elas não estão mais dispostas a tolerar esse tipo de situação. Contudo, os números também mostram a resistência enfrentada por elas”, comenta.

Desafios e possíveis soluções

Casos como o de Emília evidenciam os desafios que as mulheres enfrentam para ocupar e permanecer em cargos políticos. O fortalecimento de legislações que combatam a violência política de gênero é uma medida necessária. A Lei 14.192/2021, que estabelece normas para prevenir e reprimir a violência política contra a mulher, é um marco importante, mas ainda carece de implementação efetiva.

Além disso, campanhas educativas e programas de apoio psicológico podem oferecer suporte para as vítimas e conscientizar a população sobre a importância da igualdade de gênero. Emília Pessoa, mesmo diante das adversidades, continua a ser uma voz ativa na luta por esses avanços.

A escalada das denúncias e a maior visibilidade de casos como o de Emília são um alerta para a sociedade e para as instituições democráticas. Garantir a participação feminina plena e segura na política é um passo essencial para um futuro mais igualitário.