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Violações contra mulheres se tornaram frequentes, mostram os dados

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Em menos de um mês, três casos de violações a direitos das mulheres em ambientes hospitalares se tornaram símbolo de falta de segurança imposta ao público feminino nesses locais. As acusações de abusos cometidos por profissionais de saúde, especialmente médicos, vieram à tona. Paralelamente, as denúncias de feminicídio aumentam em todo país. Apenas no Distrito Federal, foram sete situações este ano, das quais duas na última semana.

Neste mês, o escândalo girou em torno do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, flagrado por um celular da equipe de enfermagem, que filmou-o abusando sexualmente de uma gestante no momento em que foi sedada para dar à luz, no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti (RJ). Depois desta revelação,outras 20 mulheres procuraram a polícia com denúncias semelhantes.

Anteriormente, o país parou para acompanhar o caso da menina estuprada que engravidou aos 10 anos e procurou o sistema de saúde para a interrupção legal da gestação. Algo previsto na Lei, uma vez que gestante e feto corriam risco de morte, além da gravidez ser fruto de violência sexual.

Houve ainda o caso envolvendo a atriz Klara Castanho, que teve um bebê fruto de violência sexual, entregou a criança para adoção e teve os dados vazados, supostamente por membros da equipe médica, sem o devido respeito à prerrogativa constitucional de privacidade.

Análise

A advogada popular e feminista Daniela Félix, da Rede Nacional de advogados e advogadas populares, não se contém ao observar esses últimos episódios. “Está difícil para nós mulheres analisar isso”, disse.

Em seguida, a especialista afirma que: “No hospital da mulher, uma mulher tendo um filho, sofrer um estupro. Era tão natural a invisibilidade, que esse criminoso se sentiu à vontade de violar o corpo de uma mulher, que estava sob sedação, na frente de um corpo médico”.

A médica ginecologista Maria das Dores Nunes, integrante da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras, reafirma a percepção de que os crimes contra mulheres nos ambientes hospitalares ainda são invisíveis.

Maria das Dores Nunes também explicita a necessidade urgente de renovação dos processos de formação das pessoas que atuam na área da saúde. “A formação profissional e a formação médica precisam mudar. Precisamos saber que a protagonista é a mulher, o que ela demanda, como ela quer a assistência ginecológica e obstétrica.”

*Com informações de Brasil de Fato e DF TV, da TV Globo.