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Reforma eleitoral, violência política e representatividade feminina são temas de capacitação promovida pelo PSDB-Mulher

A reforma eleitoral, os desafios da representatividade feminina na política e a histórica parceria entre o Secretariado Nacional da Mulher/PSDB e a Fundação Konrad Adenauer (KAS Brasil) foram os temas do segundo e último dia do curso de capacitação “Gênero e Política nas Eleições 2022: Oportunidades e Desafios”, oferecido a lideranças multiplicadoras nesta quinta-feira (11/11), em parceria com o Instituto Teotônio Vilela (ITV).

O dia começou com uma mensagem enviada às tucanas pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), destaque da CPI da Pandemia e relatora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Eleitoral no Senado. A parlamentar frisou a importância de se promover avanços na legislação que beneficiem as mulheres e exaltou a iniciativa do PSDB-Mulher de capacitar as suas filiadas.

“Não é fácil fazer política, mas é extremamente necessário que as mulheres façam política. É verdade que ainda temos que evoluir muito, as mulheres ainda são discriminadas. Mas precisamos de mais mulheres na política de forma a avançarmos na nossa legislação. O primeiro passo é esse: qualificação. Isso é fazer política. Quando vocês se prontificam a entrar no curso e se qualificarem, vocês estão fazendo cidadania”, ressaltou.

“Mas queremos mais, que vocês também ousem, dentro do PSDB, e possam um dia ser candidatas a vereadoras, deputadas estaduais, federais, senadoras, e até a presidente da República”, disse Tebet.

A presidente do PSDB-Mulher Nacional, Yeda Crusius, agradeceu as palavras da senadora e fez uma homenagem à jornalista Cristiana Lôbo, que morreu nesta quinta, aos 64 anos, em decorrência de um câncer contra o qual lutava há alguns anos.

“Cobrir a política através da imprensa, seja no jornal, televisão ou rádio, não é uma tarefa fácil, mas é uma na qual Cristiana Lôbo foi pioneira. Fica registrada aqui a nossa homenagem, nesse curso que lembra das pioneiras e trata da mulher na política. Nessas últimas décadas, ela abriu caminho para muitas. Foi uma mestra de lutas e fazia uma cobertura de política com ética e com ponderação”, lembrou.

Reforma eleitoral e violência política

O debate sobre a reforma eleitoral foi iniciado com um vídeo produzido pelo PSDB-Mulher que destacou o protagonismo feminino que parlamentares e movimentos sociais assumiram durante a discussão da proposta no Congresso, impedindo que retrocessos aos direitos das mulheres acabassem sendo aprovados. Assista o vídeo AQUI.

No Painel III, intitulado “Reforma Eleitoral – Mudanças para 2022”, a advogada especialista em Direito Eleitoral e Partidário Samara Castro explicou às tucanas os principais pontos propostos pela legislação recém-aprovada, entre eles o peso dois para os votos dados a mulheres e pessoas negras. A partir de 2022 a 2030, esses votos serão contados em dobro para fins de distribuição dos recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (FEFC) entre os partidos políticos.

“Pode-se dizer que essa foi a mudança mais relevante da reforma política. Vai dar mais dinheiro, efetivamente, para as campanhas e ainda estimula as direções partidárias a quererem mais mulheres e pessoas negras na campanha eleitoral. Ter mais mulheres que podem, e devem, ser eleitas para que essas parlamentares contem para fins de verbas é uma mudança sensacional”, opinou.

A advogada apontou ainda que mais um avanço para a representatividade feminina nos espaços de poder foi a aprovação da Lei de combate à violência política.

“É um reconhecimento institucional de que esse é um problema que existe e que afeta a eleição de mulheres, uma vez que elas estão mais sujeitas à ameaça, agressão, assédio e ao uso de conteúdo para chantagem, para impedir que as mulheres fiquem à vontade no ambiente político”, constatou.

A prefeita de Palmas (TO), Cinthia Ribeiro (PSDB), deu o seu testemunho como uma das tantas vítimas da violência política de gênero:

“A violência política que sofremos no ano passado precisa ser um case de estudo, sobre o comportamento do ser humano. Foi uma pressão muito grande. Fui reeleita, assumi a Prefeitura com muitos desafios, em meio à uma pandemia”, relatou.

“Mas tudo isso mostrou que vale a pena você sair do discurso e ir para a prática no que diz respeito à participação feminina na política. Minha candidatura, no ano passado, impulsionou uma candidatura de número recorde de vereadoras. Quando uma mulher vai junto, e pode e deve reforçar o seu exemplo para outras mulheres crescerem, isso é muito bom. Especialmente porque estamos em um partido que faz a política partidária de verdade, na essência, que briga e busca a qualificação de seus quadros”, afirmou a tucana.

Parceria de sucesso

Já no “Painel IV: Evolução do PSDB-Mulher na Era Merkel (2005-2021) com a parceria KAS”, a coordenadora de projetos da KAS Brasil, Ariane Costa, discutiu com as líderes tucanas Yeda Crusius, a presidente de Honra do Secretariado Nacional, Solange Jurema (AL), e a 1ª vice-presidente, Thelma de Oliveira (MT), como a parceria entre a fundação e o PSDB-Mulher beneficiou um grande número de lideranças femininas ao longo dos anos.

“A importância da educação política está no cerne da Fundação. Por isso, nosso trabalho é muito pautado por quatro áreas temáticas principais: a defesa da democracia, do Estado de Direito e dos direitos humanos; sustentabilidade e meio ambiente; relações internacionais e uma política externa aberta e transparente; e a educação política”, elencou Ariane.

Foi o foco na educação e qualificação política que aproximou a KAS Brasil e o PSDB-Mulher, unidos no esforço de capacitar o maior número de mulheres possível para a vida pública.

“A presença de mulheres na política é o objetivo do PSDB-Mulher, o maior de todos, porque enquanto não tivermos mulheres nos espaços de poder, vai tudo sendo feito na ponta da faca, e a mão acaba machucada. Graças a essa parceria, o PSDB-Mulher é reconhecido hoje nacional e internacionalmente”, pontuou Yeda Crusius.

“A união em defesa das coisas que afetam as mulheres é nosso treino diário, foi o que nos possibilitou conquistar o respeito que temos hoje dentro e fora do partido. Por isso parcerias como essa são tão importantes. Para que as mulheres se comprometam em compartilhar aquilo que estão recebendo, para dar a oportunidade para outras, como tanta das nossas pioneiras deram um dia”, considerou ela.

Presidente do PSDB-Mulher por seis anos, Thelma de Oliveira apontou a chanceler alemã Angela Merkel como uma “referência de quão longe uma mulher pode chegar”. Foi a partir de sua gestão que os secretariados estaduais da mulher passaram a ser estruturados em todos os estados do Brasil.

“Aprendemos com a Konrad como elaborar um planejamento estratégico para o PSDB-Mulher. Como construir capacitações para eleger mulheres preparadas, competentes, e não apenas para fazer número. Queremos mulheres preparadas como a prefeita Cinthia, a Raquel Lyra (prefeita de Caruaru-PE), a Judite Botafogo (Lagoa do Carro-PE), primeira prefeita negra do PSDB, que passaram pelos cursos da Konrad”, destacou.

“Mas não adianta a gente lutar apenas pelos cargos eletivos, de prefeita, deputada. Temos que ser mulheres que estejam nas executivas dos partidos, dos diretórios estaduais, municipais, compondo o diretório, porque é ali que as decisões são tomadas. Nós nunca tivemos uma presidente mulher do Diretório Nacional do PSDB. Por isso, é importante que a nossa luta comece lá do município, para que um dia a gente possa ter uma representante como Angela Merkel, para que a gente possa dizer: ‘chegamos lá’”, avaliou.

Por fim, Solange Jurema reiterou a importância de termos mulheres ocupando cargos de liderança em todos os setores da sociedade, em especial na política.

“São os deputados, vereadores, presidente e governadores que gerenciam a nossa vida, para o bem ou para o mal. Não adianta não querer se envolver em política partidária, porque ela envolve e determina todos os aspectos da nossa vida”, argumentou.

“Quando assumi a presidência do Secretariado, Thelma vinha fazendo o trabalho de montar o PSDB-Mulher em todos os estados, e percebi a importância de começar a capacitar nossas mulheres em todos os municípios. Com autonomia financeira para gerenciar os 5% do Fundo Partidário, conseguimos atingir as lideranças e trazer mais mulheres para política, capacitando as prefeitas em gestão, orçamento, o que pode e o que não pode, o que fez toda a diferença, para as vereadoras também”, contou.

“Como é importante o trabalho dessas mulheres quando elas se unem. Em comum, temos a vontade de ver o nosso país melhor. Fortalecer a democracia e melhorar a realidade social do nosso Brasil”, completou Solange.