Notícias

Sem condições de comprar absorventes, mulheres usam plástico e miolo de pão

Foto: Natracare/Unsplash

Em meio à polêmica do veto do presidente da República ao projeto que estabelece a distribuição de absorventes para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade, pesquisas mostram como elas administram o período menstrual, sem recursos nem meios para comprar os produtos de higiene adequados, com sacos plásticos e miolo de pão.

A pesquisadora e antropóloga Mirian Goldenberg, em parceria com Always e Toluna, fez um levantamento, realizado em 2020, sobre o cotidiano destas mulheres. Elas usam papel higiênico, papel toalha, saco plástico, pano velho e até miolo de pão para a substituir o absorvente, podendo ter problemas de saúde.

De acordo com o estudo, além de ser uma questão de saúde, a pobreza menstrual afeta a confiança de meninas e mulheres, e causa evasão escolar: uma entre cada quatro jovens não se sente confortável nem mesmo em falar sobre a menstruação.

O levantamento mostra ainda que mais da metade (57%) das mulheres afirmaram que a primeira menstruação as deixou menos confiantes. A busca por informação na primeira menstruação vem quase que totalmente da mãe (79%) e o absorvente foi considerado pelas entrevistadas como um produto de primeira necessidade.

Porém, mais de uma em cada quatro jovens (29%) revelou não ter tido dinheiro para comprar produtos higiênicos para o período menstrual em algum momento de suas vidas.

Nas classes D e E, o índice é ainda maior (33%). Quase metade destas (48%) tentaram esconder que o motivo de faltar às aulas foi a falta de absorventes, e 45% acreditam que a falta de absorventes impactou negativamente o seu rendimento escolar.

Três em cada quatro mulheres de baixa renda afirmaram que o período menstrual têm um impacto muito negativo na sua confiança pessoal. Para meninas cria-se um ciclo vicioso: ao faltar às aulas, elas ficam para trás nos trabalhos escolares, deixando de participar de atividades que ajudam a aumentar sua confiança e habilidades (35%, por exemplo, deixaram de praticar esportes e sentiram muita vergonha pela falta de produtos menstruais na escola).

*Com informações da revista Vogue on-line