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Mulheres são as maiores vítimas do desemprego em meio à pandemia

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

As consequências da crise econômica causada pela pandemia do coronavírus têm afetado de forma cada vez pior as mulheres brasileiras, traduzindo-se em uma desigualdade de gênero crescente. Dados do segundo trimestre de 2021 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que as mulheres são as maiores vítimas do desemprego em meio à crise sanitária.

O nível de desocupação entre as mulheres é de 17,1%, frente aos 11,7% de taxa de desemprego entre os homens: uma diferença de 5,4 pontos percentuais entre os sexos.

Em entrevista ao jornal Estado de Minas, o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mário Rodarte, avaliou que a desigualdade de gênero no Brasil tem origem estrutural.

“As mulheres têm que procurar um trabalho que se adequa às necessidades que elas já têm dentro de casa, com jornadas duplas e até triplas. Enquanto o homem está mais ‘livre’ para escolher jornadas de trabalho, está sempre disponível”, analisou.

O professor destacou que a manutenção e o investimento em políticas públicas assistenciais para mulheres são de extrema importância, independente do governo que esteja no poder.

“Muitas delas não estão no mercado de trabalho devido à falta de condições de entrar (por outros compromissos). Você tem que trabalhar nas duas pontas: dando oportunidades e mudando a perspectiva dos empregadores para que haja mais aceitação das mulheres”, constatou.

Rodarte frisou ainda que a falta de projeto social e econômico do governo federal, além do teor machista de diversas declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, e de membros do alto-escalão do governo, têm se refletido no aumento da defasagem entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

“Pode-se atuar em vários níveis. Um deles é o da fala. Quando o líder máximo não dá o exemplo, fica difícil superar essas barreiras. É um governo que vive de maneira idílica, que só existe na sua cabeça, no caso a do governante”, completou.

*Leia a íntegra da reportagem do Estado de Minas AQUI