É no exemplo das ações das Luizas do Brasil que me baseio para dirigir-me aos homens e mulheres que fazem política partidária e chamar a sua atenção ao tema da violência política contra mulheres. Consciente ou inconscientemente, quando se faz política partidária sem considerá-la como uma questão de gênero, frequentemente se está ajudando na sua reprodução, seja por intenção, seja por gesto, ou por inação.
O caso mais recente de violência política é dado por senadores que tentam negar a palavra aos seus pares mulheres na CPI da Pandemia ora em curso no Senado Federal. Composta exclusivamente por senadores homens, foi preciso uma ação afirmativa para que as senadoras pudessem falar – apesar de, ao terem direito a voz, serem interrompidas num comportamento que já ganhou nome no mundo todo, pois é uma constante nos meios políticos de todo o mundo: manterrupting. Leia mais sobre o termo no Jornal PSDB Brasileiras PSDB-Mulher, 10ª edição.
Outro caso foi o que viralizou na internet com a foto da representante líder europeia que não teve cadeira para se sentar num encontro com o presidente da Turquia… Vergonha alheia com aquela foto.
De modo repetitivo acontecia nos encontros partidários dar-se a palavra, quase sempre as últimas palavras, aos líderes de movimentos organizados ligados às minorias do poder, como o movimento de mulheres, de negros, da diversidade, por obrigação formal. Ao fazê-lo, logo se iniciavam conversas paralelas e outros gestos – embora mais raros mas não menos inaceitáveis – como risinhos e olhares “superiores” em relação a quem falava.
Isso nunca foi praticado por líderes democráticos que, com sua ação, fortaleceram o respeito à própria instituição por eles lideradas, os partidos políticos, fazendo o necessário contraponto ao descrédito que essas instituições têm na nossa sociedade. É no campo das ações políticas que busco, dentro e fora do ambiente partidário, propor e participar de mudanças necessárias à construção de uma sociedade mais fraterna e igualitária.
No campo partidário, redigimos através do PSDB-Mulher a Carta-Compromisso para os dirigentes e possíveis candidatos às eleições gerais de 2022. Fazemos parte do movimento 50/50, já composto por empresas e organizações as mais diversas, e o compromisso de construir a igualdade de gênero também no campo político – como fez agora o Chile quando elegeu a Assembleia Nacional Constituinte com metade dos eleitos homens, metade mulheres, e no total 17% de índios, a maioria racial mas minoria política.
Por defendermos essa agenda, esse é o primeiro compromisso da nossa Carta Política aos dirigentes e candidatos. Acabamos de assinar, também o documento gerado pelo Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos à PEC 125/11, que trata da Reforma Política. Documentos como esses mostram que há ações também no campo partidário para contribuir com a construção de uma sociedade mais igualitária, fraterna e desenvolvida.