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Diálogos pelo Brasil reúne tucanas para discutir importância da representatividade feminina para a democracia

A presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB, Yeda Crusius, participou nesta terça-feira (6/10) do encontro Diálogos pelo Brasil: Mulheres fazendo a diferença na política, realizado pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV). Durante a live, que contou com a participação da presidente nacional do Tucanafro, Gabriela Cruz, e da chefe de gabinete e coordenadora de campanha Ingrid Lunardi, as tucanas conversaram sobre os caminhos que as levaram à política, os desafios e a importância da representatividade feminina para a democracia.

“Cabia às mulheres se preocupar com violência, com primeira infância”

Para Yeda Crusius, o que a levou a escolher a vida pública foi a necessidade de ajudar o país e tomar a frente da organização política. O PSDB foi o ambiente em que ela encontrou as oportunidades para seguir nessa trajetória.

“Peguei essa oportunidade que a democracia me permitiu, através do voto, aplicando coisas que eu já tinha amadurecido, errado e acertado, ao longo da vida. Entrei para a política partidária quando tinha 47 anos, quando nasceu o PSDB. Quando eu vi aqueles líderes que emocionavam, dizendo ‘esta é a oportunidade, a constituinte nós pedimos há muito tempo, e esta é a oportunidade de constituir o estado democrático’”, contou.

Segundo ela, naquela época, as mulheres que se aventuravam na vida pública eram conhecidas como a “bancada do batom”.

“Cabia às mulheres se preocupar com violência, com primeira infância. Então começamos a batalhar pela cota feminina, por um programa próprio da aferição da violência. Hoje, a bancada do batom é institucionalizada, é a Secretaria da Mulher na Câmara, faz parte da estrutura do Congresso Nacional”, destacou Yeda.

“O que me motivou foi o desejo de transformar a sociedade”

Presidente nacional do Tucanafro, Gabriela Cruz afirmou que o desejo de entrar na política veio cedo, por ver a necessidade uma luta por igualdade, tanto racial quanto de gênero. “Queremos ver ações antirracistas na prática, não apenas como questões filosóficas”, disse.

A tucana defendeu a representatividade feminina e negra na política como forma de combater as desigualdades estruturais que permeiam a sociedade brasileira.

“Para nós, mulheres negras, que estamos na base dessa pirâmide social, sofrendo com os maiores índices de violência e morte, ganhando os menores salários, sofrendo com a violência obstétrica, com as barreiras do racismo estrutural, social e institucional, é importante que tenhamos uma voz feminina negra na política para construir um novo jeito de fazer política, uma democracia representativa, uma política que dê voz a todas aquelas vozes que historicamente foram silenciadas: mulheres negras, homens negros, nossos indígenas, quilombolas, mulheres ciganas, mulheres com deficiência”, elencou.

E acrescentou: “Esse é o PSDB que temos hoje, que olha para todos os tipos de mulheres: as nossas mulheres trans, nossas mulheres lésbicas, para todas as mulheres”.

“Olhavam para nós e diziam que não ia dar em nada”

Já a chefe de gabinete e coordenadora de campanha Ingrid Lunardi ressaltou que as pessoas não a levavam a sério em seu trabalho por ser muito jovem.

“Eu coordenei a campanha do Felipe [Rigoni] quando tinha 22 anos. Nos lembramos muito nitidamente das situações, e as pessoas nos olhavam com cara de deboche. Viam a mim, com cara de menina e voz fina, viam Felipe, que é cego, e riam. Olhavam para nós e diziam que não ia dar em nada. Fomos matando um leão por dia”, lembrou.

Ela contou ainda como teve que lidar com insinuações de cunho sexista, por ser uma mulher jovem coordenando uma campanha eleitoral. “Durante a campanha, algumas pessoas me olhavam e perguntavam se éramos namorados. Uma mulher, acompanhada de um homem, logicamente é alguma coisa”, ironizou.

“As pessoas insistiam, ‘se não tem um relacionamento, depois vai ter’. Ganhamos a campanha, e pensei que não ia mais ouvir esse comentário. E quando Felipe me apresentava, fosse para as pessoas mais ricas do país ou em uma favela no Espírito Santo, todas diziam a mesma coisa: ‘agora você vai casar com ele’, ‘vai ficar com ele agora que é deputado’. Isso não passa, é uma coisa estrutural no nosso país”, lamentou.

Acesse o canal do Instituto Teotônio Vilela no YouTube para assistir a live na íntegra.