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Yeda Crusius participa de encontro online com líderes de segmentos do PSDB para discutir inclusão de mulheres LBT na política

Tucanas de diferentes segmentos se reuniram em uma live, nesta quinta-feira (27/8), para participar do encontro online “Mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais (LBT) na política”. Com mediação da vice-presidente nacional da Diversidade Tucana, Hosilene Lubacheski, o evento contou com a participação da presidente nacional do PSDB-Mulher, Yeda Crusius; da presidente nacional do Tucanafro, Gabriela Cruz; e da presidente nacional do Juventude PSDB, Julia Jereissati.

Participaram ainda representantes do PSDB das cinco regiões brasileiras: Silvya Patricia, presidente municipal do PSDB de Belém; Jhenifer Ragnaroni, vice-presidente nacional do partido no Centro-Oeste; Safira Bengell, atriz e ativista cultural representando o Nordeste; Rafaela Prado, representante do Sudeste; e Fernanda Kungner, representando a região Sul; além das pré-candidatas Gabriela Bueno e Karla Mello.

A presidente nacional do PSDB-Mulher destacou a importância do uso de ferramentas como a internet e a conectividade para promover debates e incluir as minorias, assim como o papel das jovens lideranças neste processo.

“Democracia é isso: a possibilidade para todos estarem no mesmo espaço político, dentro ou fora do mesmo partido, como iguais. Mas não tem sido assim. O nosso mal é a desigualdade”, lamentou. “As novas lideranças estão imersas nessa agenda mundial. Hoje vocês possuem um espaço de empoderamento absolutamente necessário para que a gente se entenda na sociedade e possa estar lá, desde criancinha, entendendo que estamos entre iguais. Precisamos acabar com essa violência das pessoas que acham que o mundo é delas, e não aceitam o mundo dos outros junto de si”, disse.

Yeda Crusius salientou que os tempos de pandemia também oferecem oportunidades de inclusão por meio do mundo virtual. É o que o PSDB-Mulher tem procurado fazer usando a Plataforma Digital 2020, que oferece cursos completos de capacitação política online para as suas pré-candidatas.

“Todas as mulheres têm no PSDB-Mulher, através da plataforma, o seu lugar de fala e apoio para poderem ser candidatas”, explicou ela. “O mundo mudou com a pandemia, vai continuar mudando, e a forma de enfrentar isso é a gente se encontrar entre aqueles que querem as mesmas coisas: uma sociedade menos injusta e desigual, mais desenvolvida e inclusiva. A gente sabe o que quer, e estaremos juntas, de mãos dadas, para chegarmos lá”, acrescentou.

Segmentos e interseccionalidade

Ao iniciar o bate-papo, a vice-presidente nacional da Diversidade Tucana ressaltou que a luta pela inclusão das mulheres na política passa pela busca da equidade e pelo reconhecimento das particularidades que envolvem a população LGBTQ+. “A diferença existe e precisa ser observada e notificada para que as políticas públicas atendam essas necessidades. Precisamos tratar as peculiaridades de cada recorte social. Nós, mulheres LBT, mulheres negras, mulheres jovens, estudamos política. Nós temos total capacidade, inteligência e coerência para discutir política”, apontou Hosilene Lubacheski.

Já a presidente nacional da Juventude do PSDB lembrou que os ataques sofridos por mulheres e minorias que se popularizaram nos dias de hoje, alimentados por discursos de ódio. “Esses discursos só nos dão mais vontade de lutar e mostrar que somos competentes, preparadas e que temos que ocupar sim todos os espaços”, afirmou Julia Jereissati.

Gabriela Cruz, presidente nacional do Tucanafro, constatou que a transversalização dos segmentos, o diálogo entre eles e o reconhecimento dessas interseccionalidades é fundamental para o avanço na garantia dos direitos.

“Tivemos uma grande vitória quando o STF, por falta de jurisprudência, entendeu que era importante criminalizar, através da lei do racismo, a LGBTfobia. É uma grande conquista porque quando se faz um recorte racial na política LGBT, sabemos que esse corpo negro e LGBT é o mais afetado quando se fala em violência, principalmente as nossas travestis e mulheres trans, que são as que mais morrem, vítimas de violência no país”, disse.

Vem daí a importância da representatividade feminina, negra e LGBT nos espaços públicos de poder. “Em Porto Alegre, nós só temos dois vereadores do PSDB. O partido não tem representante negro, mulher ou LGBT. Precisamos fortalecer internamente nosso partido, identificar as nossas lideranças. Temos que apoiá-lo, e não deixar que a campanha seja apenas masculina”, avaliou Fernanda Kungner.

“Quando falamos em representatividade, é fácil perceber que muitas pessoas desconhecem o significado da palavra e o efeito que ela traz. Não basta eleger uma mulher se os planos políticos dela reforçam e corroboram com o machismo e a misoginia estrutural. O Brasil é sim um país misógino, racista e homotransfóbico. Eleger uma candidata que debata e reflita sobre esse sistema é imprescindível para romper com essa realidade”, acrescentou a pré-candidata Karla Mello.

“É de extrema importância termos mulheres trans e LBTs e lutarmos por igualdade e equidade sempre. Juntas somos mais fortes, e o Brasil, como país diverso que é, realmente precisa de uma representatividade feminina na esfera de poder”, complementou a pré-candidata Gabriela Bueno.

Mulher não vota em mulher?

Durante o encontro, as tucanas também desmistificaram a noção errônea de que mulheres não votam em outras mulheres.

“Levantam argumentos que estão encravados na nossa sociedade, que é patriarcal e hierárquica. Uma das formas de fazerem isso é tentarem nos reduzir e dividir entre nós, dizendo que mulher não vota em mulher. Não é verdade. O que acontece é que eles não deixam ter mulheres para serem votadas. A estrutura do poder impede que nós cheguemos lá”, considerou Yeda Crusius.

Nós não somos 30% das candidatas. Como é que as mulheres vão votar em mulheres? Quando formos mais, 50%, seremos eleitas”, garantiu a presidente nacional do PSDB-Mulher.

Para Silvya Patricia, a solução para alavancar a participação feminina na política passa pela criação de políticas públicas específicas e pelo fortalecimento dos diálogos. “Como vamos fortalecer e estimular o segmento para atrair mais mulheres e garantir uma participação maior? Criando políticas públicas e eventos como este, onde estamos todas reunidas, dialogando sobre política. Precisamos também promover encontros com pessoas LBTs, onde poderemos incentivá-las e dialogar a respeito da causa”, pontuou.

Jhenifer Ragnaroni complementou dizendo que as mulheres devem assumir um papel de destaque, mostrando que não só podem como devem debater política. “Se não estivermos à frente, mostrando que nossa voz deve ser ouvida e que nossa luta deve ser representada, não conseguiremos chegar lá. Como uma das primeiras mulheres transexuais da Diversidade Tucana dentro da minha região, estou entrando em pautas em que talvez eu não fosse ouvida se não estivesse junto”, esclareceu.

“Percebo que os homens realmente lutam para que nós não possamos entrar, mas com aquele jogo de cintura conseguimos mesmo assim”, destacou Safira Bengell. “Nós somos iguais quando se trata de direitos e de política. Nossos espaços estão lá. Precisamos nos filiar, pleitear esses cargos e ocupá-los. A nossa condição não diminui a nossa capacidade, pelo contrário, temos essa qualidade de saber viver com alegria”, salientou.

É importante a gente mostrar que entendemos de tudo. Não estamos aqui para falar só das nossas necessidades, mas das necessidades de todos, e sobre como podemos contribuir com tudo isso”, disse Rafaela Prado. “Precisamos desses exemplos, olhar para dentro do nosso movimento e do nosso partido e vermos quais forças podemos somar e como podemos contribuir para ocupar cada vez mais espaços”, completou a tucana.