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Campanha pelo fim da violência contra a mulher é fundamental, diz Dra. Cristina

Foto: Demian Duarte

Começou nesta terça-feira (20) os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher no Brasil. A data foi escolhida por ser o Dia Nacional da Consciência Negra com a intenção de enfatizar a dupla discriminação sofrida pela mulher negra. Mundialmente, a Campanha se inicia em 25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, e vai até 10 de dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Em evento na sede da ONU, em Nova Iorque, o secretário-geral António Guterres afirmou na segunda-feira (19) que o mundo só vai se orgulhar de ser “justo e igualitário” quando as mulheres puderem viver livres do medo e da insegurança cotidiana. A vereadora de Goiânia, Drª. Cristina Lopes Afonso, afirma que a campanha é fundamental para que a sociedade reflita sobre o problema.

“A ONU tem esse papel de puxar essa reflexão e essa atitude de defesa, não só das mulheres, mas de todo tipo de violência. O que nós estamos vivendo é inexplicável! São coisas que violam todos os direitos de existência do ser humano. Eu não vejo uma mudança rápida, mas as pessoas são convidadas a reflexão. No fim o que fica claro, essa pessoa pode ser eu, pode ser qualquer uma de nós. O crime não é contra a pessoa, é contra o gênero.”, disse.

O objetivo da campanha é pedir apoio às vítimas de violência de gênero, a fim de garantir que suas vozes e histórias sejam ouvidas, em vez de desacreditadas. O chefe da ONU condenou a violência de gênero e disse que virou “uma pandemia global”. Para a Dra. Cristina, é necessário investir na educação das crianças para que desde cedo sejam conscientizadas sobre o respeito ao próximo.

“O que o governo brasileiro pode fazer para enfrentar essa crescente violência contra as mulheres é investir em educação infantil. É primordial para que a criança não cresça acreditando que a violência aquela é a realidade. A estatística aponta que a maioria das meninas que viram suas mães apanharem, viram vítimas quando adultas. Assim como os meninos se tornam agressores. Isso acontece porque nós somos frutos do meio.”, defendeu a vereadora.

Exemplo de Vida

A vereadora de Goiânia ainda carrega as marcas de um crime bárbaro que sofreu há um pouco mais de três décadas. Aos 21 anos, o então namorado da vereadora não aceitava a separação e ateou fogo contra ela. A tucana foi desenganada em Curitiba (PR) onde morava e procurou ajuda em Goiânia, conseguindo recuperar-se. Em seguida, houve um julgamento histórico e o ex-namorado acabou condenado a 13 anos e dez meses de prisão.

A pena foi considerada um marco no combate à violência contra as mulheres no Brasil e é referência até hoje para novos julgamentos de casos semelhantes. Também serviu de base para a criação, em 2006, da Lei Maria da Penha, que defende mulheres vítimas de violência doméstica.

Com formação universitária em Fisioterapia, ela se dedica, além da função pública, à missão de ajudar mulheres que passaram pelo mesmo problema.

Aumento de casos

Segundo dados do Atlas da Violência 2018, o Brasil registrou 13 mulheres assassinadas por dia, quase 5 mil sentenças e apontou a casa da vítima como local mais perigoso, onde os crimes mais acontecem. Os Tribunais de Justiça de todo o país movimentaram 13.825 casos de feminicídio em 2017: 3.039 processos foram baixados, restando pendentes ao final do ano 10.786 processos. Foram contabilizadas 4.829 sentenças proferidas em casos de feminicídio. A Dra. Cristina considera o número de condenações baixo e acredita que violência pode ser freada se as punições se tornarem mais frequentes e rigorosas.

“Infelizmente a estatística no Brasil de punição de crime doméstico é lamentável. Meu caso foi exemplar. Pena que é uma exceção. E sem dúvida, a tomada de consciência de cada um de nós pode ser um diferencial para mudar esta realidade. Temos de pensar como podemos interferir e reduzir estes casos com a nossa atitude diária.”, disse.

A Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres é uma mobilização anual, praticada simultaneamente por diversos atores da sociedade civil e poder público engajados nesse enfrentamento. Desde sua primeira edição, em 1991, já conquistou a adesão de cerca de 160 países.

Reportagem: Shirley Loiola