A desigualdade entre os gêneros continua sobrecarregando a vida das mulheres. No Brasil, 39,9% das adolescentes de 15 a 17 anos que estavam fora da escola em 2017 não retomaram os estudos por estarem grávidas, terem de cuidar de alguém (criança ou idoso) ou devido a afazeres domésticos. Em relação aos homens, as mesmas motivações foram apontadas por apenas 0,4%. Os dados são do levantamento do Todos pela Educação e foram divulgados no jornal O Estado de S. Paulo de sexta-feira (27).
Na avaliação da vereadora e Coordenadora do PSDB-Mulher Região Centro-Oeste, Cristina Lopes Afonso, a falta de políticas públicas que garantam oportunidades para as mulheres é a grande responsável por esse cenário.
“É muito desumano com a mulher. Falta cidadania e a inserção de políticas públicas que deem amparo à mulher. O mais importante são as vagas nas creches municipais e estaduais. O Brasil não cumpre sua obrigação constitucional. Os políticos não fazem seu dever de ofertar vagas na primeira infância e isso é um problema gravíssimo que atinge a mulher em cheio”, explicou.
Dados do Observatório do Plano Nacional de Educação (OPNE) apontam que apenas 30% das crianças entre 0 e 3 anos estão matriculadas em creche. Segundo a reportagem, faltam vagas suficientes em creches e essa lacuna impacta especialmente a vida das mulheres.
Cristina destacou ainda o problema gerado pela falta de diálogo com os homens sobre a responsabilidade em relação à família e ao lar, resultando na sobrecarga extrema para as mulheres.
“Ninguém conversa com os meninos sobre esses assuntos, como se a responsabilidade fosse unicamente da menina, o que não é. Nós temos uma política social e cultural do não diálogo com os homens e isso gera toda essa distorção. A responsabilidade em relação à família acaba ficando na conta da mulher, mas tem que ser compartilhada. Temos que falar mais sobre isso e compartilhar os afazeres domésticos com os homens”, avaliou.
A reportagem lembra que, ao longo da história, as mulheres vêm sendo sobrecarregadas pelas atividades do cuidado, tendo suas necessidades e desenvolvimento adiados. Exemplos como a entrada tardia no mercado de trabalho e a escolarização recente das meninas reforçam essa ideia.
Para a tucana, apesar dos avanços no que diz respeito ao apoio à independência e protagonismo das mulheres na sociedade, o caminho ainda é longo. “Estamos caminhando, mas ainda temos muitos obstáculos, como a melhoria das políticas públicas e políticas educacionais que deem melhores condições de vida às mulheres”, completou.