Educação, formação dos jovens que vivem em regiões fronteiriças, igualdade de gênero e combate à violência contra a mulher são as principais bandeiras da vereadora e pré-candidata a deputada federal Anny Espínola. Nascida em Ponta Porã, município de Mato Grosso do Sul que faz fronteira com o Paraguai, Anny Espínola, que é professora e psicopedagoga, iniciou a sua vida política por meio da direção da escola municipal Ramiro Noronha.
“Sou filha de paraguaios e tenho uma história de raiz muito forte entre os dois países. Estou na Educação desde 1986. Fui diretora da maior escola municipal de Ponta Porã, a escola Raimundo Noronha, e presenciei a dificuldade dos alunos em se alfabetizar”, relatou.
Anny utiliza o termo “brasiguaios” para se referir aos jovens que vivem tanto no Brasil quanto no Paraguai e destaca essa mescla latina como uma das barreiras na formação da população fronteiriça. “Eles falam o guarani e o espanhol e fica difícil você alfabetizar em português uma criança que já vem com uma língua materna estrangeira. Muitas vezes o aluno permanece mudo e você o encaminha para a assistência psicológica achando que ele tem algum problema”, disse.
Diversidade cultural
A partir dessa problemática foi que a vereadora criou, em 2010, o projeto “2 países, 1 só cultura” na tentativa de resgatar e valorizar os elementos de ambas as nações. Segundo Anny, a iniciativa tem como principal objetivo enaltecer a cultura entre os países vizinhos e fazer das diferenças algo positivo e agregador.
“Começamos a chamar os pais para dentro da escola e a trabalhar com os elementos das diferentes culturas. Começamos a traduzir termos e a conhecer mais as comidas típicas, danças locais e as riquezas que só a vida na fronteira proporcionam”, afirmou.
Resgate Familiar
Anny Espínola também defende o resgate da família como principal chave para diminuir a criminalidade e aumentar a qualidade de vida da população. Para ela, a participação dos familiares na vida das crianças e jovens é fundamental para a construção da autoestima e para o desenvolvimento de futuros cidadãos.
“Quando você traz as famílias para perto da escola, você consegue aumentar o índice de Desenvolvimento da Educação Básica e como consequência melhora a vida dessas pessoas. Tenho vários projetos na área educacional como, por exemplo, o “Maria da Penha vai à escola”, implantado para a questão da valorização da mulher”, explicou.
Volência contra a mulher
Reconhecida pelo trabalho de combate à violência doméstica na região, Anny foi a autora da Lei ‘Professora Gicela Brusamarello’ que, entre outras ações, estabelece o 25 de novembro como o Dia Municipal de Mobilização pelo Fim da Violência contra a Mulher. A norma foi aprovada em abril na Câmara Municipal de Ponta Porã e obteve o voto unânime dos dezessete parlamentares.
Na justificativa do projeto de lei, Anny Espínola incluiu dados que dão uma dimensão exata da gravidade da situação: “Conforme dados divulgados na mídia, Mato Grosso do Sul é o nono Estado em homicídios de mulheres, com 5,9 mortes a cada 100 mil habitantes. Os números fazem parte do Mapa da Violência e apontam ainda que o Brasil tem a quinta maior taxa de homicídios contra mulheres (4,8 para 100 mil habitantes), entre 84 países estudados”, diz o texto.
“Se você não trabalha bem a educação, não resgata a família e não valoriza a mulher, a voz e a potência que ela tem, você não abrange muitas coisas’, acrescentou a pré-candidata.
Gravidez precoce
A gravidez na adolescência também é outro tema que preocupa a vereadora. Segundo a tucana, um trabalho voltado para o público masculino já foi iniciado no município de Ponta Porã. “Geralmente quando falamos de gravidez, nós nos direcionamos ao público feminino. Acredito que os meninos têm tanta responsabilidade quando as meninas nesse assunto. Em média, uma mulher pode ter um filho por ano. Os homens podem fazer um filho por dia, se quiserem”, ressaltou a tucana.
Para ela, a educação sexual voltada para igualdade de gênero deve ser priorizada nas salas de aulas. Anny Espínola acredita que estamos vivendo um novo momento em que a segregação de homens e mulheres, seja nos afazeres domésticos, seja nas questões de liberdade sexual ou no setor financeiro estão prestes a acabar.
“As mulheres estão tomando os seus espaços e assumindo responsabilidades que, culturalmente, eram designadas aos homens. Uma boa gestão deve levar em conta esse momento e incentivar políticas públicas para a efetivação da igualdade entre os gêneros em todos os setores”, completou.
Eleições 2018
Após relatar sua trajetória na vida política e os trabalhos realizados como vereadora em Ponta Porã, Anny Espínola afirma estar preparada para defender o estado do Mato Grosso do Sul na Câmara dos Deputados.
“Eu fui convidada a me candidatar a vereadora e tive êxito. Abracei esta causa. Desse trabalho de vereadora veio então o convite para ser deputada federal e estou aqui para isso. Estou pronta para trabalhar e para ser porta voz do meu estado através de Brasília. Quero ter essa oportunidade de falar nacionalmente por todas as mulheres do meu estado”, concluiu.