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Tucanas do DF cobram recuperação da Casa da Mulher Brasileira

Entrevista Mirian Belchior,ministra

Situação das Casas da Mulher Brasileira, parte do programa “Mulher, viver sem Violência”, anunciado em 2013 pelo governo do PT, preocupa representantes do PSDB-Mulher do DF. A ideia inicial era a construção de 27 casas que reuniriam todos os serviços necessários para as vítimas de violência como, por exemplo, assistência social, médica e jurídica. No entanto, cinco anos depois, há só 7 unidades prontas, mas apenas duas estão em pleno funcionamento: as de Mato Grosso do Sul e São Luís.  Cada unidade custou aos cofres públicos mais de R$ 10 milhões.

A vice-presidente do PSDB-Mulher DF, Ludmila Faro, classificou o caso da unidade do Distrito Federal como “alarmante”.  A estrutura física da casa corre risco iminente de desabamento e está em obras sem previsão de entrega.

“A obra chegou a ser inaugurada em 2015, mas a localização não foi adequada. O projeto não foi bem pensado. Em Brasília, ele fica longe das áreas ondem acontecem mais violência doméstica. Já fragilizada pelas circunstâncias da violência, a mulher teria que pegar de 2 a 3 ônibus para chegar até o local. O projeto não foi feito para a realidade do DF”, pontuou.

A tucana considerou a obra como “ação eleitoreira” para conseguir reeleger a presidente de esquerda que comandava o país na época. “A intenção do projeto não era ruim porque eles queriam centralizar todo o atendimento à mulher em um lugar só. Mas depois ficou constatado que o programa foi apenas para conseguir os votos das mulheres para a reeleição”, lamentou.

Já a pré-candidata a deputada distrital Mônica Alvares atribuiu o fracasso do projeto à falta de uma gestão adequada nas casas de todo o país. Para ela, as pessoas que estavam à frente do projeto não eram capacitadas e engajadas nas causas femininas, o que levou a uma série de falhas na administração.

“O olhar de quem está coordenando é o mais importante. É preciso alguém com experiência e que tenha autonomia operacional. Houve também falta de vontade política porque para tocar o projeto era necessário a utilização de recursos federais. A ideia não é ruim, mas ficou “queimada” porque não saiu do papel”, completou.

Recuperação

Ludmila Faro acredita na possibilidade do resgate do plano originalmente pensado para a Casa da Mulher Brasileira. Segundo ela, com um novo planejamento e administração é provável reconstruir o projeto.

“Tenho certeza que Geraldo Alckmin vai resgatar essa ideia e fazer as casas funcionarem. Ele é um homem sensível às pautas e reivindicações das mulheres. Tanto que foi o primeiro a acatar a decisão do TSE de destinar os 30% do Fundo Eleitoral para as campanhas femininas. Alckmin vai discutir a viabilidade da recuperação”,  adiantou a tucana.

Mônica Alvares também crê na reestruturação do projeto, entretanto, cobra mais seriedade na condução da rede de apoio e mais fiscalização da população. “Não podemos mais aceitar projetos para “inglês ver”. Milhões foram desperdiçados e que poderiam ter sido utilizados efetivamente me prol das mulheres. É preciso seriedade”, alertou.

A cartilha divulgada pelo governo à época do lançamento do projeto Casa da Mulher Brasileira dizia que cada unidade deveria ter: acolhimento e triagem, apoio psicossocial, delegacia, juizado ou vara especializada, Ministério Público, Defensoria Pública, promoção da autonomia econômica, central de transportes, brinquedoteca, alojamento de passagem e assistência à saúde.

Dados da pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado da Fundação Perseu Abramo revelou que, no Brasil, a cada 2 minutos, cinco mulheres são espancadas. Por dia são, no mínimo, 12 assassinatos. Ainda de acordo com o levantamento, uma em cada cinco mulheres consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”. O parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados.