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Idealizadora do projeto Mulheres Inspiradoras defende educação não sexista em debate na Câmara

Escola Estadual Pedro Álvares Cabral. Alunos em sala de aula.

A promoção de uma educação voltada para a diversidade de gênero e o combate ao machismo institucionalizado foram alguns dos pontos levantados pela professora Gina Vieira Ponte, ouvida nesta terça-feira (26) no espaço “Tribuna das Mulheres” da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara.

Gina é professora da educação básica em uma escola pública de Ceilândia (DF) e idealizadora do projeto Mulheres Inspiradoras, livro que reúne textos de seus alunos sobre mulheres que os inspiram. “Foram mais de 150 entrevistas feitas pelos meus estudantes e pelas minhas estudantes. Em todas elas a figura decisiva na vida daquele adolescente era uma mulher: a mãe, a avó ou a bisavó”.

Segundo ela, é necessário pensar na promoção de uma educação não sexista, já que o machismo, de acordo com a professora, é algo tão cristalizado na nossa cultura que está institucionalizado dentro da escola.

Ela acredita que a Câmara dos Deputados tem um papel fundamental nesse sentido, porque é preciso pensar em leis e dispositivos que fortaleçam o trabalho de escola, estimulando a formação dos professores nessas temáticas. “Infelizmente, muitas das nossas meninas vão viver violação de direitos em casa. Se a escola não puder ser um espaço onde essa menina discuta essas questões, ela sequer vai ter condições de reconhecer a situações de violação de direito que sofre”.

Gina explicou que, além de trabalhar o fortalecimento da identidade das meninas, é preciso também falar sobre a educação de meninos para que eles não reproduzam discursos machistas. Para ela, promover uma educação não sexista significa defender uma educação capaz de promover transformação social.

Mulheres Inspiradoras

O projeto Mulheres Inspiradoras foi dividido em quatro etapas. A primeira consistiu em estudar obras escritas por mulheres. “A gente lê muito mais homens do que mulheres. Os meninos e as meninas têm acesso à história contada pela perspectiva dos homens”. Na segunda etapa, a professora propôs o estudo de biografias de grandes mulheres.

 

Depois, os estudantes foram convidados a conhecer a história de mulheres inspiradoras de Ceilândia. “São mulheres incríveis que estão fazendo um trabalho revolucionário nas suas comunidades, mulheres que atuam na saúde, na educação, como líderes comunitárias e como professoras”, contou. Na última etapa, a professora pediu que os alunos pensassem nas mulheres inspiradoras de suas vidas e foi aí que surgiu o livro.

“O mais impressionante era que na narrativa daquelas mulheres apareciam histórias de violação de direitos, mulheres que, de uma forma ou de outra, sofreram o impacto do machismo mas seguiram firmes nas suas trajetórias. E aí eu me dei conta que a beleza daquelas histórias era grande demais para ficar só comigo e com os meus alunos e nós transformamos num livro”, conta a professora.

Prêmios

O projeto recebeu em 2014 o 4º Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos da Presidência da República. Em 2015, recebeu 1º Prêmio Ibero-Americano de Educação em Direitos Humanos da Organização dos Estados Ibero-Americanos. No total, o projeto recebeu 12 prêmios, sendo dois internacionais, e foi transformado, em 2017, em política pública por força de um acordo de cooperação internacional.

*Com informações da Agência Câmara