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Para tucana, só denúncia é capaz de fazer justiça em casos de violência doméstica

A coordenadora de Relações Multipartidárias do PSDB-Mulher nacional e presidente do segmento na Paraíba, Iraê Lucena (PB), considera essencial que mulheres por todo o Brasil que convivem diariamente com situações denunciem a violência. Ela pega como exemplo o caso de Michaella Marys, ex-mulher do juiz afastado da Corte Interamericana de Direitos Humanos Roberto Caldas, que só após 13 anos de uma relação abusiva procurou a Delegacia da Mulher relatando diversos episódios de agressões físicas e psicológicas sofridas pelo magistrado. “Com esse caso, as mulheres podem se inspirar e denunciar, é muito importante, só se tem justiça com a denúncia. Elas não podem se sentir acuadas, com medo”, pontuou Iraê Lucena. Para Iraê Lucena, a realidade vivida por Michaella durante todos esses anos também é a de outras milhares de brasileiras. “Esse caso expõe a realidade da violência contra a mulher, expõe a proporção que esses atos vão ganhando, sua gravidade. As mulheres são ameaçadas, são amedrontadas pelo poder, pelo desmerecimento do parceiro, é muito grave, muito difícil”, disse a tucana.

Diversos áudios do casal que comprovam as agressões do magistrado foram tornadas públicas e serviram como provas para o processo. Nas gravações, Caldas aparece chamando a ex-mulher de “vagabunda”, “filha da puta”, “safada”, entre outros termos pejorativos. Em vários momentos, são ouvidos barulhos que indicam que o juiz afastado parece agredir Michaella Marys fisicamente.

Início da violência

Em entrevista ao jornal O Globo, Michaella relata ter sido conquistada pela gentileza e romantismo de Caldas que, logo após a união, mudou completamente de comportamento, revelando uma personalidade agressiva.  A primeira agressão teria vindo pouco tempo após o casal morar junto, pelo simples fato da mulher comer uma comida típica do Nordeste, o que levou o juiz a acusá-la de “não perder o espírito de pobre”.

A partir daí, seguidas ameaças e agressões tomaram conta do casamento de Michaella, que chegou a apontar episódios em que era obrigada a ter relações sexuais sem seu consentimento. Roberto Caldas foi denunciado por espancamento, ameaça de morte e por assediar duas ex-funcionárias do casal.

Iraê lembrou os diversos canais de apoio a mulher disponibilizados para dar suporte e atender às vítimas. “Temos vários meios, casas de abrigo, casas da mulher, o canal da secretaria da mulher, são vários aparatos que servem para amparar a vítima”, destacou.

Desdobramento do caso

Em sua defesa, o juiz negou ter agredido a mulher fisicamente. Seu advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, argumentou que as agressões foram verbais, mas nunca físicas. Caldas pediu licença do cargo de juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Seu afastamento é por tempo indeterminado.

*Com  informações do jornal O Globo e Poder 360.