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“Por que sonhar”, por Suely Ouro

Certa vez, em momento tenso e preocupante de minha vida, marcado por enormes desafios, tive a atenção voltada para o refrão de uma música de bela melodia e letra motivadora: “Sonhos não se desfarão como castelos na areia do mar”. O trecho musical ficou indelevelmente gravado em minha memória como uma mensagem confortadora a desafiar a massacrante realidade do dia a dia, como um farol a iluminar a escuridão que tenta dominar a mente. Pensei então: “Preciso continuar sonhando, sem permitir que o quotidiano, cheio de obstáculos, supere meu mundo onírico alimentado pela esperança, a fé e o amor – este trio transcendental que me serve de plataforma quando o chão abaixo dos pés parece desaparecer.” Na esteira de Martin Luther King, grande referencial de ser humano, disse para mim mesma: “Eu tenho um sonho!”

Muitas vezes olhamos para a vida e só vemos à frente um grande mar profundo, extenso, perigoso e tempestuoso. Sentimo-nos como crianças amedrontadas diante das ondas ameaçadoras que se elevam acima de nossa coragem e ânimo. Queremos atravessar o mar e pisar em novas terras, mas recuamos porque nos consideramos impotentes, fracos, inexperientes e pequenos. Todavia, os olhos jamais deixam de contemplar o longínquo horizonte, sempre em busca daquela visão do além-mar, tentando alcançar o lugar onde habitam nossos sonhos.  É necessário caminhar em direção às águas poderosas, enfrentando-as corajosamente, como hábil navegador, acreditando que os “sonhos não se desfarão como castelos na areia do mar”.

A atualidade, tão cheia de pesadelos e tensões, tem trazido à tona: o medo, a desconfiança, a maldade, a insensibilidade e indiferença para com o outro e as crises morais e éticas nos indivíduos e nas instituições, afetando gravemente o ser humano no seu aspecto biopsicosocioespiritual. Governantes, estadistas e o próprio povo olham para o alto e só discernem um céu cor de chumbo sobre a cabeça. Paira certo cinismo e incredulidade sobre a consciência humana. É preciso barrar essa tendência paralisante que atrofia o poder mental. Como? Sonhando com o bem. É o que faço. Considero-me uma pessoa positivamente sonhadora, pois sem sonhos a vida não tem cor, é monótona e cinzenta. Alimento-me de “utopias”, porque as acho necessárias para uma existência significativa neste mundo explicativo demais e muito desencantado pela influência do materialismo. Meus movimentos são  teleologicamente conduzidos, dirigidos a uma finalidade e repletos de propósitos não apenas pragmáticos, mas também simbólicos, afetivos e espirituais. Apresento-me perante a vida assim: “Suely Ouro, guiada por sonhos, imaginativa, procurando olhar além do óbvio”. Tudo bem, alguns considerarão esse ideal uma fantasia ou ilusão, algo impossível de se realizar, quem sabe um delírio de indivíduo nefelibata. O importante, porém, é que não se veja dessa forma, que se mantenha o encanto que só quem sonha pode sentir e vislumbrar.

Prezado leitor, por que sonhar? Porque vale a pena. Convido-o, assim, ao mundo dos sonhos como possibilidades, a entrar no “Jardim Secreto”, sentir fragrâncias suaves, experimentar a alegria e a variedade das cores, ouvir a música dos anjos, vestir-se de beleza interior e exterior, sendo envolvido por uma atmosfera de maravilhamento. Arrisque-se! Não permita que os sonhadores desapareçam da face da Terra. Encante-se, pois a realidade é muito mais que sobrevivência, é permitir que a vida seja tocada pelo divino.

*Suely Ouro é presidente do PSDB Mulher em Sergipe, pré-candidata a deputada federal, empresária da moda, escritora, filha e mãe.