O primeiro dia do seminário “O papel da mulher na democracia: desafios e oportunidades nas eleições de 2018”, promovido pelo PSDB-Mulher em parceria com a Fundação Konrad Adenauer (KAS) e o Instituto Teotônio Vilela (ITV), foi marcado pelo clima de entusiasmo das participantes. Mais de 60 tucanas compareceram ao auditório do Hotel Radisson, em Recife, para ouvir as palestras e se prepararem para a disputa eleitoral deste ano.
A representante da KAS Brasil, Franziska Hübner, abriu o evento parabenizando o PSDB-Mulher pela iniciativa e enfatizando que o fenômeno da sub-representação feminina não é um problema nacional e sim global.
“As mulheres têm que querer, mas os homens têm que deixar. Não podemos só lamentar. Temos que tomar a iniciativa, lamentar não é o suficiente. Precisamos de voz ativa”, afirmou.
Em seguida, Yeda Crusius deu as boas-vindas às participantes e concedeu a palavra para as lideranças locais. Entre elas, a deputada estadual Terezinha Nunes (PE), a prefeita de Lagoa do Carro, Judite Botafogo (PE), e o deputado federal Betinho Gomes.
“Gostaria de parabenizar o PSDB-Mulher por esse debate sobre a conjuntura política que, com certeza, vai preparar as nossas tucanas para um embate difícil que é disputar uma eleição”, disse Betinho.
Comunicação Política
A primeira palestra foi do doutor em Ciência Política com pós-doutorado em Comunicação, Juliano Mendonça. O especialista esclareceu a dúvida das participantes de como as redes sociais podem influenciar o resultado das eleições.
“Vivemos tempos que são um enigma para boa parte dos cientistas políticos: o chamado tempo dos sites e redes sociais. Há divergências sobre se esse tempo pode interferir nas eleições, com turbulência política causada por novos fluxos de informação, nova maneira de agir dos usuários”, afirmou.
Juliano Mendonça ressaltou ainda que as novas mídias sociais dão a possibilidade da contra argumentação por parte de quem pretende concorrer a um cargo eletivo.
“Se a mídia faz uma matéria negativa contra você, é possível se defender usando os mesmos argumentos. (João) Dória e (Donald) Trump fazem isso. Se comunicar é o mínimo que vocês podem fazer. Isso que está acontecendo aqui, por exemplo, deve ser divulgado. É muito raro um partido investir nesse tipo de curso”, declarou.
Igualdade de gênero
A presidente de honra do PSDB-Mulher, Solange Jurema (AL), foi a segunda palestrante do dia. O assunto abordado pela alagoana foi como a disparidade entre os gêneros atrapalha a concretude da democracia.
“Neste momento político conturbado em que o Brasil está imerso, nós mulheres, maioria da população e do eleitorado, temos o dever de transformar a política. O processo de reconstrução do qual a nação precisará passar em um futuro próximo depende de nós, e conto com a participação de cada uma de vocês”, disse.
Mobilização social
A democracia de gênero foi abordada pela doutoranda e especialista no assunto, Beatriz Rodrigues Sanchez. Com uma palestra interativa, ela explicou como o sistema de cotas é erroneamente usado no Brasil e mostrou dados que ilustram a realidade brasileira no que se refere à representatividade feminina.
“Tive a oportunidade de acompanhar as eleições de 2016 e vi casos de mulheres que nem sabiam que estavam concorrendo a um cargo. A situação das candidaturas laranja é algo muito ´serio que devemos combater”, alertou.
Quando questionada sobre as maneiras de mudar essa realidade, Beatriz destacou a importância da manifestação social, do conhecimento e da união entre as mulheres.
“Eu acredito muito no poder da mobilização social. É preciso fazer pressão. E ir atrás dos meios. Eu acredito no poder da formação política e da qualificação das mulheres. Esse seminário é importante porque vocês vão sair daqui e discutir isso. Vocês vão ter argumento quando vocês se depararem com alegações fracas e sem conteúdo”, pontou.
Legislação Eleitoral
O advogado do PSDB em Direito Eleitoral, Gustavo Kanffer, terminou o dia de palestras esclarecendo as pré-candidatas sobre as novidades da legislação vigente para as eleições 2018. Ele falou sobre o que é permitido durante o período da pré-campanha e alertou para o cuidado com ações simples que podem ser caracterizadas como ilegalidades.
Gustavo também esclareceu sobre a questão das cotas de gênero. “Quando se fala em cota, não se fala em transgênero e sim em sexo. A quantidade do menor percentual tem que ser de 30% do maior. As mulheres lançadas apenas para cumprir cota já foram detectadas pela Justiça Eleitoral e a fiscalização vai aumentar”, concluiu.
A assessora jurídica do PSDB-Mulher, a advogada Luciana Loureiro, estava presente no evento e assistiu as palestras junto com as participantes. Ela ficará disponível na sede do partido, em Brasília, para o esclarecimento de dúvidas das filiadas sobre as novas normas eleitorais.
“Terei imenso prazer em contribuir com as tucanas que tiverem qualquer dúvida sobre legislação. O PSDB-Mulher prioriza a abertura dos canais de comunicação entre as filiadas para que todas tenham as informações corretas e possam respeitar as leis durante o período das campanhas eleitorais” , disse a advogada.