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Solange Jurema: É preciso união independentemente de partidos

A constante obstrução das pautas feministas no Congresso chamou a atenção para a divergência que há entre deputadas e senadoras. Com dificuldade de emplacar assuntos importantes ligados à causa feminista, como o aborto e a reserva de cotas, as mulheres não chegam a um consenso, o que acaba atrapalhando a evolução da participação do sexo feminino no processo político.

Os únicos pontos que unem a bancada são o fim da violência contra a mulher e o aumento da participação feminina na política. Porém, até os projetos relacionados aos temas costumam emperrar no plenário.

Nas últimas semanas, as deputadas tentaram viabilizar a votação da PEC 134/15 que reserva vagas para as mulheres no Legislativo. Mesmo após várias conversas com a Presidência da Câmara, a proposta não foi colocada em votação e não recebeu o apoio da maioria dos líderes da Casa – quase todos homens.

A ex-ministra e presidente do PSDB-Mulher Nacional, Solange Jurema (PSDB-AL) atribui a dificuldade de concordância entre as mulheres no Congresso ao perfil conservador das bancadas ruralista e evangélica – maioria na Casa – e também à tendência individualista que cresce na política do Brasil.

“Eu concordo que o perfil conservador tem atrapalhado o andamento de matérias importantes e acredito que é preciso mais união, independente da sigla. A desunião entre as mulheres é uma realidade. Isso já foi diferente”, disse Solange.

A tucana relembrou os tempos da “bancada do batom” ocorridos na época da Constituinte, em 1988. “Mulheres de vários partidos se uniram pela causa feminina. Na redemocratização do Brasil, nós conseguimos vários avanços porque as mulheres foram eleitas pela militância e pelo compromisso com as causas femininas. A preocupação em ampliar o alcance da mulher nos cargos de destaque tem que estar acima de interesses partidários”, completou.

Solange destacou ainda a falta de compromisso e de resistência por parte daquelas que já estão entre os homens e demonstrou preocupação com a desunião da bancada. “Quando fui ministra do FHC eu tinha apoio de vários partidos. A aprovação da Secretaria das Mulheres foi unânime no Congresso. Isto demonstra como precisamos reverter essa distância que se criou entre nós”, afirmou.

Os números demonstram a desigualdade existente entre a quantidade de mulheres eleitas e o número de eleitoras. Há apenas 55 deputadas e 13 senadoras para representar a maior parte da população do Brasil, composta por mulheres.

Levantamento, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) –Mulheres, também ilustra esta lacuna e coloca o Brasil na 154.ª posição de participação de mulheres no Congresso, levando em consideração um universo de 174 países.

*Com informações do Estadão