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“A banalização da violência transforma tudo em estatística”, por Solange Jurema

Nos últimos dias, assistimos a uma verdadeira banalização da violência. É a violência que não escolhe dia nem hora, também não tem alvo certo: criança, adulto, jovem, mulher e homem. Todos de um momento para o outro podem se transformar em número ou simplesmente estatística.

Estatística que preocupa e aterroriza. Publicado em julho, o Mapa da Violência mostra que o número de homicídios no Brasil só aumenta. Em 2012, o ano com os dados mais recentes, 56.325 brasileiros foram vítimas de homicídio – em média de 154 mortes por dia.

Os conflitos entre Israel e Palestina, em julho, registraram 1.901 mortes – 1.834 palestinos e 67 israelenses, em média 66 mortes por dia.

O que se pode dizer? Vivemos em um ambiente de guerra permanente, sem trégua porque em todas as cidades há situações diárias de violência atroz que não perdoa nem mesmo as crianças! São crianças vítimas da violência e que assistem a esses casos o tempo todo. É uma verdadeira carnificina que não sabemos onde vai acabar – e se vai acabar.

Acompanhamos agora os desdobramentos sobre as mortes de duas meninas, de 3 anos, em São Paulo. Elas foram encontradas mortas em um carro e com sinais de violência. A polícia investiga os mínimos detalhes para tentar descobrir o que houve, afinal no automóvel em que estavam as crianças havia mais cem impressões digitais.

Como filha, mãe, avó, tia, madrinha e, sobretudo, brasileira eu me pergunto: quais são as conseqüências desses casos para a sociedade e para o futuro do Brasil? É preciso tomar providências urgentes. Não apenas apontar como responsáveis, os gestores públicos.

Nós todos somos responsáveis. É necessário exigir e cobrar, por exemplo, pela adoção de escolas integrais e creches de qualidade para que as crianças tenham educação e ambiente adequados. Temos de procurar desenvolver oportunidades para quem é um invisível social.

Sem investimentos, empenho e dedicação, definitivamente não haverá reversão do atual. E mais: culpar o outro não leva a nada.

*Presidente nacional do PSDB Mulher e ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas Públicas para Mulheres no governo Fernando Henrique Cardoso