Opinião

“Política não é a arte da guerra”, por Maria Lúcia Amary

Foto do Facebook de Maria Lúcia Amary

A trajetória política deveria contribuir para a construção da paz, da harmonia e do fortalecimento das instituições democráticas.

Lamentavelmente, observamos que a política, nos moldes em que se encontra, está impregnada de apartheid, segregando grupos e classes sociais, estabelecendo, muitas vezes, uma política desagregadora, perseguidora e cruel. Política pequena, na ânsia desenfreada de ocupação de cargos, em total dissonância com o perfil da real necessidade cívica, uma vez que o Brasil se ressente de ter ignorado por décadas a dívida social com as classes menos favorecidas.

A fonte inspiradora da vida pública não deveria ser maquiada com estratégias e jogos de poder, que desestabilizam os governos e comprometem a nação e a projeção de um futuro que contemple a ânsia da população por políticas públicas.

Por que não fazer a ação política com cores, em vez da habitual tarja preta?

Continuo sonhando com a união, com a sabedoria política, pois é verdadeiro que a casa dividida não prospera.

A tolerância e a convivência pacífica entre os adversários, ou os aliados em dissonância, devem ser perseguidas sem trégua, para que as consequências não recaiam sobre a população, que assiste estarrecida ao combate entre seus líderes. Cabe a nós, políticos, conter a intransigência e a incontinência verbal, organizar com civilidade nossas reações na construção da democracia.

Percebemos ainda que a falta de harmonia entre grandes lideranças políticas gera insegurança nos eleitores. Afinal, quem deveria estar unindo forças para resolver ou melhorar o quadro social do país perde precioso tempo e oportunidade medindo força, numa guerra de egos, em que nunca haverá vencedores. Personalidades que se agarram ao poder como se nada mais importasse. Cegos e inconsequentes que acabam por esquecer os propósitos que os levaram a optar pela vida pública.

Se queremos mudar a imagem dos políticos, urge adequar nossa postura à realidade das expectativas populares, esquecendo os revanchismos. O político que não conhece os limites para o poder termina por destruir-se.

As ações de um verdadeiro estadista devem se centrar no cumprimento do dever assumido, em favor dos direitos humanos, na promoção da cidadania, longe da autopromoção e da vaidade egoísta, cultivada por aqueles que se deixam seduzir pelo brilho ilusório do poder.