Opinião

Vamos acelerar?

Foto: Javier/PSDB RJ
Foto: Javier/PSDB RJ

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As previsões são simplesmente aterrorizadoras e, mais do que isso, humilhantes mesmo, e devem envergonhar todos os brasileiros e brasileiras: a igualdade de gênero no país só deve ocorrer daqui a 95 anos, segundo pesquisa anual do Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês).

Divulgado no intervalo entre o primeiro e o segundo turno das eleições municipais, os números do Fórum Internacional revelam o tamanho da jornada que as brasileiras têm que enfrentar para alcançar a paridade com seus parceiros.

Certamente uma jornada para mais de uma geração, a seguir o atual ritmo da redução de desigualdade de gênero no país.

Os resultados da recente eleição municipal revelam o tamanho da disparidade na política, um dos critérios de análise do Fórum: maioria da população, maioria do eleitorado, as mulheres sequer alcançaram 15% da representação institucional nos municípios e menos ainda nos estados e no Congresso Nacional.

Outra evidência dessa discriminação política foi a constatação, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de que pelo menos 15 mil candidatas a vereança sequer tiveram o próprio voto em outubro passado, o que caracteriza o uso delas como “laranjas” nas coligações partidárias, que agora estão sob investigação e podem ser punidas.

No ranking do Fórum Econômico Mundial que envolve 144 nações, o Brasil ocupa a 79ª colocação, em queda, já que no anterior ocupava dez posições à frente, o que revela uma tendência à piora do quadro de desigualdade. Quanto mais lutamos, mais andamos para trás.

Apesar de estar em melhor situação nos campos da saúde, com maior expectativa de vida, e educação, com maior presença no ensino superior, comparativamente aos homens brasileiros, as mulheres perdem feio em dois quesitos levados em consideração pelo Fórum: a representatividade política e a paridade econômica.

No mercado de trabalho, especificamente, um relatório global da Equidade de Gênero do mesmo Fórum Econômico Mundial apontou, em 2015, que seriam necessários até 80 anos para se alcançar a desejada igualdade.

A questão que se coloca hoje em nossa luta pela afirmação da mulher em todos os setores da sociedade brasileira é como acelerar a diminuição deste fosso.
Vamos continuar nosso processo de conscientização, a nossa reivindicação por uma política de cotas mais efetiva e que assegure mais espaço institucional para a mulher, e reduzir as disparidades salariais que ainda existem no mercado de trabalho brasileiro.

Vamos acelerar?

*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB