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“Julgamento de Dilma Rousseff: O dia seguinte”, por Lêda Tâmega

Foto: George Gianni/PSDB

Foto: George Gianni/PSDB

O julgamento foi encerrado. O mandato de Dilma Rousseff foi cassado como a sociedade exigia e esperava. Mas ficou o gosto amargo da justiça mutilada, da justiça fraudada, da intromissão aviltante do “jeitinho brasileiro” para a resolução de uma questão em que estava em jogo o cumprimento da Constituição Federal, a governabilidade e o futuro da Nação, resultando pura e simplesmente num atentado ao texto constitucional. E o mais surpreendente é que esse golpe rasteiro foi perpetrado por, ninguém mais, ninguém menos que o presidente do Poder da República cuja função institucional fundamental é de servir como guardião da Constituição.

Francamente, eu estava surpresa, dados os passos incertos que o Ministro Lewandowski dera no passado, com a postura de Sua Excelência na condução do julgamento histórico que se processava no seio do Senado da República. Havia até começado a simpatizar com o jeito cordial e aparentemente imparcial com que conduzia o julgamento. Mas é ao tomar decisões cruciais que o caráter de cada um se desvela em sua nudez absoluta. De repente, o Presidente da Suprema Corte invoca a soberania do Senado para decidir sobre o fatiamento da pena a Dilma Roussef, eximindo-se de uma culpa que já havia dividido, na surdina, com o ignóbil Renan Calheiros, que, na maior hipocrisia e desfaçatez, declarou intempestiva e despropositadamente seu voto, acenando para o plenário com um exemplar da Constituição Federal e invocando razões humanitárias. Era o próprio Iscariotes sacudindo a sacola com as 30 moedas. Estava dada a senha para que o viscoso PMDB cumprisse sua malfadada sina de fisiologista, oportunista e inconfiável.

PSDB, DEM e PPS juntaram-se para contestar a decisão do Senado, assim como outras organizações partidárias. Eis um fio de esperança de se reverter esse inaceitável feito. Mas parece que não é tão simples assim: Lewandowski sabia o que estava fazendo ao ressaltar mais de uma vez, antes de por o tal destaque em votação, que tinha sua própria opinião sobre a matéria, mas que o Senado era “soberano” para decidir. Ou seja, que essa seria a palavra final e definitiva. A conclusão de alguns analistas de peso é que os Ministros do STF não irão alterar essa decisão. Entenderam? Fomos lesados, nós, o povo brasileiro que saiu às ruas, aos milhões, para exigir a saída de Dilma e do PT da vida pública nacional.

A frustração é grande, mas não colhemos uma vitória de Pirro. Fizemos um grande feito enchendo as ruas de verde e amarelo levando a bandeira do impeachment até o plenário do Senado da República e saindo com ela nas mãos, vitoriosa, para comemorar o nascimento de um Brasil diferente, que preza a honestidade, a transparência, a responsabilidade, a competência na gestão da coisa pública.

Um Brasil Novo. Viva o Brasil!

*Lêda Tâmega é vice-presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB