Opinião

“A mulher jovem e o cenário da crise econômica brasileira”, por Nathalia Tupan Carvalho

Arquivo pessoal de Nathalia Tupan
Arquivo pessoal de Nathalia Tupan

Arquivo pessoal de Nathalia Tupan

Na crise econômica em que nos encontramos, não há possibilidade de deixarmos de falar sobre o desemprego que assola o país, legado deixado pela presidente afastada Dilma Rousseff e pelos 12 anos de governo do PT.

Já são mais de 11 milhões de desempregados, praticamente a população de um Estado como o Paraná e mesmo com a mudança na condução econômica feita pelo governo Michel Temer, o equilíbrio da economia não vai acontecer no curto prazo. Nesse contexto, nós jovens mulheres, sofremos o reflexo do desemprego de forma muito mais contundente.

Segundo dados do Plano Nacional de Qualificação, do Ministério do Trabalho e Previdência Social, as mulheres são a maioria nas universidades do Brasil, porém mesmo com maior qualificação do que os homens, este fator não é determinante para se obter o emprego. E, pior, quando conseguimos, nossos salários para desenvolver exatamente a mesma função são cerca de 24% mais baixos.
Quando se procura a razão de tamanho disparate em pleno Século XXI, não se encontra nenhuma explicação plausível a não ser a questão cultural de que, hierarquicamente os homens estão em posição muito mais privilegiada. Para complicar ainda mais o cenário, as empresas brasileiras, ou que atuam em território brasileiro, em sua grande maioria, na hora de contratar, cometem o mesmo equívoco, e ignoram até mesmo a qualificação – fator indispensável para bons resultados na produção – para manter essa tradição de pagar menos para a mulher, algo inimaginável em Países modernos e desenvolvidos.

Hoje, a mulher brasileira está legalmente em paridade com os homens, na responsabilidade financeira de prover a família, na necessidade de trabalhar fora e manter o padrão de vida da família. Faz isso cotidianamente e cumpre as jornadas duplas, as vezes triplas, no cuidado com os filhos e a casa. É uma realidade de milhares de mulheres pelo Brasil afora.
O fato de sermos a maioria nas universidades mostra o quanto temos que nos esforçar porque apesar de tudo isso estamos buscando conhecimento e temos condições de competitividade no mercado de trabalho. Porém segundo pesquisa do IBGE a taxa de desocupação das pessoas de 16 anos ou mais por sexo e grupos de idade em 2014 foi de 5,2 para os homens contra 8,7 para mulheres, o que aponta a dificuldade que as jovens encontram não só na busca por uma vaga, mas também em se manter neste emprego, já que somos as primeiras a ser cortadas quando uma empresa se vê obrigada a diminuir o quadro de funcionários.

Como exemplo cito a lei (13.287/16) aprovada em maio deste ano pela presidente afastada, estabelecendo que gestantes e lactantes deverão ser afastadas de atividades, operações ou locais insalubres, durante o período de gestação e amamentação de seus bebês. Período este que pode durar o tempo que a mãe almejar amamentar, ou de acordo com a necessidade da criança.
Acontece que a maioria dos profissionais da saúde; tais como enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, é de mulheres e, para piorar, a presidente Dilma vetou o dispositivo da lei que garantia o pagamento integral do salário que essas categorias vinham recebendo, inclusive o adicional de insalubridade, desonerando o empregador.

Vale lembrar que a insalubridade é parte da renda, e que tal medida afetará bruscamente a vida dessas mulheres, além do que fica a dúvida: qual é a posição que as empresas adotarão? Com certeza dar prioridade aos homens que não precisarão ser remanejados, nem se ausentar do trabalho. É importante frisar que por ser lei trabalhista não temos a opção de querer ou não permanecer em ambiente insalubre se assim optarmos.

Há uma clara contradição entre o que prevê a Lei e a nossa realidade: se decidimos cumprir as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e amamentarmos nossos bebês, somos “punidas” por isso!

Mas como nós jovens mulheres ficamos agora? Com dados extremamente negativos do índice de desemprego no país, somados a toda questão cultural do mercado de trabalho que nos coloca às margens? Repito: somos as primeiras a ser cortadas quando uma empresa se vê obrigada a diminuir o quadro de funcionários, e com a atual realidade de mercado, com as lutas que nós jovens mulheres enfrentamos, como ter esperança?

Há necessidade de urgência em ações econômicas efetivas que viabilizem a recuperação de mercado e de leis que não nos empurrem para as beiradas como a citada acima. O país precisa voltar a crescer, aproveitando a crise para se moldar a uma situação em que as mulheres tenham mais espaço no mercado de trabalho e no mínimo um salário igual ao dos homens, porque nossas obrigações, se não forem maiores, são as mesmas.

Não queremos privilégios, mas sim, condições elementares de trabalho, com as saudáveis diferenças de gênero. Queremos, sim, mostrar nossa capacidade de trabalho e a chance de criarmos nossos filhos, meninos ou meninas, sem estafas ou stress. Só assim eles serão cidadãos felizes e realizados e irão contribuir para a construção de um Brasil melhor para todos os brasileiros.

*Nathalia Tupan Carvalho é publicitária, estudante do 5º ano de direito. Militante do PSDB, membro da Frente das Jovens Tucanas do Brasil, Secretária de Comunicação da JPSDB – PR.