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É possível amamentar após o câncer de mama?

Mammogram of Breast With Tumor --- Image by © Visuals Unlimited/Corbis

POR FABIANA FUTEMA

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Whitney amamenta o filho após o parto (Crédito: Kate Murray Photography)

É possível amamentar depois do câncer de mama? A diretora do departamento de mastologia do hospital A.C. Camargo Cancer Center, Fabiana Baroni Makdissi, diz que é possível amamentar com a mama que não passou por tratamento contra o câncer.

“A mama que tratar o câncer não produzirá mais leite. Se o tumor for grande e a mulher precisar retirar a mama, ela não terá como produzir o leite. Se o tumor for pequeno e a mama não foi retirada por completo, a mulher fará radioterapia nesta mama, que provocará uma fibrose, como uma cicatriz interna, o que impossibilitará a amamentação”, afirma Fabiana.

Ou seja, a mama que tratou o câncer não produzirá mais leite. “Isso não significa que ela não conseguirá amamentar com a outra mama se engravidar depois.”

Antes de engravidar, a mulher que teve câncer de mama deve conversar com seu médico para discutir o tempo necessário de espera para iniciar a gestação. O tempo médio sugerido, segundo a mastologista, é de dois anos.

“Enquanto a mulher estiver tomando algumas drogas usadas no tratamento não é indicado engravidar. Sugerimos que espere”, afirma Fabiana.

Algumas medicações podem passar para o leite e, consequentemente, para o bebê.

No casos em que a paciente descobre a gestação e o câncer de mama ao mesmo tempo, o objetivo do oncologista é tentar que as duas situações “corram juntas”. “A gente tenta conciliar o tratamento adequado do câncer junto com uma gestação segura, evitando drogas que façam mal ao bebê.” diz a coordenadora do departamento de mastologia do A.C. Camargo Cancer Center.

Pesquisa divulgada em 2011 revelou que mulheres que amamentam seus filhos por mais de seis meses têm menos chances de desenvolver câncer de mama.

De acordo com o trabalho, da Universidade de Granada, na Espanha, o risco de ter a doença diminui 4,3% para cada ano que uma mulher amamenta seus filhos.

“A amamentação é um dos fatores de proteção, mas não é o único e não blinda a mulher. É preciso saber disso até para não gerar uma ansiedade sobre a necessidade de amamentar para se proteger. Se você conseguir amamentar, será ótimo para seu bebê e para você. Mas amamentar não assegura que o câncer não possa um dia possa aparecer. É uma somatória de fatores pessoais e hereditários, aliados a um estilo de vida saudável, exercícios, e boa alimentação”, afirma Fabiana.

Estudo divulgado em janeiro diz que amamentação poderia evitar a morte, todo ano, de 800 mil crianças e de 20 mil mulheres vitimadas pelo câncer de mama.

SEIOS REMOVIDOS

A americana Sarah Whitney foi diagnosticada com câncer quando estava na 20ª semana de gravidez do terceiro filho.

Devido ao estágio avançado da doença, ela precisou remover uma das mamas. A fotografia dela amamentando logo após o parto, que mostrava uma das mamas retiradas, viralizou nas redes sociais.

Para Sarah, as fotos serviram para guardar na memória o pouco tempo que teve para amamentar o bebê: apenas duas semanas. Ela teve de suspender a amamentação para iniciar um tratamento com medicamentos que seriam prejudiciais ao bebê.

Ela disse que amamentou os dois primeiros filhos e ficou muito triste quando descobriu que não conseguiria dar de mamar ao terceiro.

Mas seu bebê acabou recebendo leite materno. Sarah diz que recebeu doação de leite materno de um grupo formado por 27 mulheres da sua comunidade.

*Publicado originalmente na edição de 08/08 do blogfolha.com.br