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Brasil reage à tentativa da Venezuela de assumir presidência do Mercosul

Foto: Jessika Lima/AIG-MRE

Discurso do ministro José Serra na cerimônia de transmissão do cargo de ministro de Estado das Relações Exteriores. Brasília, 18 de maio de 2016 Foto: Jessika Lima/AIG-MRE

A tentativa da Venezuela de assumir a presidência temporária do Mercosul sem o consenso exigido pelas normas do bloco provocou a reação imediata da maioria dos países que compõem o bloco, que rechaçaram essa possibilidade. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, enviou aos chanceleres do Uruguai, Argentina e Paraguai uma carta na qual contesta a “autoproclamação” venezuelana à presidência do Mercosul. No documento, o ministro deixou claro que o Brasil não reconhece a Venezuela como presidente do bloco. Para o deputado federal Eduardo Cury, do PSDB de São Paulo, a posição enfática de Serra torna evidente que o governo venezuelano descumpre as disposições essenciais para adesão ao bloco.

“O Ministério das Relações Exteriores, por meio do chanceler José Serra, já disse que a presidência está vaga porque a Venezuela não preenche os requisitos. Essa atitude da Venezuela nada mais é do que a confirmação do que eles querem fazer no Mercosul o que eles fazem dentro do seu país, que é impor, através de uma medida extra constitucional, as suas vontades, como se fosse uma ditadura”, disse o deputado.

Na carta, Serra lembra que o próprio governo venezuelano reconhece que o país não adotou 102 normas exigidas pelo bloco. O Itamaraty também classificou a decisão uruguaia de deixar a presidência do Mercosul na última sexta-feira como “sem precedente” e um ato que “gera incerteza”. Eduardo Cury teme que a liderança do bloco pela Venezuela seja um impasse em futuras negociações, mas ressalta que a posição contrária dos governos brasileiro e argentino pode recuperar a estabilidade do grupo.

“A posição da Argentina, da Colômbia, do Brasil e do próprio Chile em relação ao restabelecimento do Mercosul baseado nos preceitos democráticos dando um ‘chega pra lá’ na Venezuela mostra que o Mercosul tem saída e conserto. Mas nós precisamos restabelecer todos os parâmetros e valores pelos quais foram constituídos o Mercosul, que são um amplo respeito às liberdades democráticas e um bloco no qual as fronteiras estejam abertas para o comércio”, acrescentou Cury.

O Itamaraty também ressalta que a vacância da presidência do Mercosul exige “medidas pragmáticas” e observa que proposta argentina de se estabelecer um mecanismo transitório de coordenação coletiva “merece ser considerada”.