Opinião

“Hillary sobe e Dilma desce”, por Terezinha Nunes

Terezinha Nunes - Foto: Karla Vasconcelos
Terezinha Nunes - Foto: Karla Vasconcelos

Terezinha Nunes – Foto: Karla Vasconcelos

A eleição para escolha do novo presidente dos Estados Unidos será realizada em novembro mas um fato já roubou a cena desse pleito que ficará na história: a senadora Hillary Clinton é candidata pelo partido democrata, sendo a primeira mulher a disputar o pleito, escolhida, em prévias, por um dos dois grandes partidos do país.

Não se sabe se Hillary, hoje na frente das pesquisas, vencerá o pleito mas o movimento feminino em todo o planeta comemora o avanço da nação mais importante do mundo no que se refere ao reconhecimento da mulher como protagonista do mundo político.

A ascensão de Hillary coincide como nosso infortúnio de estar exatamente agora se despedindo da primeira mulher presidente do Brasil por força de um impeachment.

O que justificaria os processos de Hillary e Dilma além do fato de o Brasil ter elegido uma presidente em um país onde as mulheres ocupam hoje apenas 10% dos cargos eletivos e de os Estados Unidos, muito mais avançados do que nós, só agora terem resolvido apostar em uma mulher?

As diferenças pessoais entre Dilma e Hillary são grandes. Dilma chegou à presidência sem nunca ter tido experiência pessoal com eleições.

Ocupou o mais alto posto da hierarquia política sem nunca ter sido vereadora, deputada, senadora ou governadora. E o pior: sem ter o menor traquejo para lidar com os políticos por limitações pessoais que teriam sido descobertas e corrigidas se tivesse se candidatado antes.

Formada em Direito, com doutorado em Yale, Hillary mostrou logo na faculdade que tinha condições de seguir em frente. Coisa incomum na época nos Estados Unidos foi a primeira mulher a ser escolhida por sua turma para fazer a saudação da formatura de um colegiado em grande maioria masculino.

Em 2000 foi a primeira mulher a se eleger senadora por Nova Iorque, sendo depois reeleita com o impressionante percentual de 67% dos votos. Em seguida disputou a indicação para a presidência pelo Partido Democrata perdendo para Barack Obama, sendo escolhida por Obama para assumir a Secretaria de Estado, o mais alto posto do executivo federal.

Ao contrário de Dilma, tida como “um poste” por ter sido guindada à presidência por obra e graça do seu mentor o ex-presidente Lula, Hillary, mesmo sendo ex-primeira-dama não foi içada pelo prestígio do marido para estar aonde se encontra.

Aliás, pelo contrário. Hillary viveu um drama pessoal quando o marido era presidente capaz de descompensar qualquer mulher que viesse a enfrentar problema semelhante. Na época foi descoberto um caso de Clinton com uma estagiária, um escândalo nacional. Ela, porém, não perdeu a serenidade.

Manteve a altivez e hoje afirma que tem sempre o propósito de “incentivar o emponderamento das mulheres onde estiver”.

Sofreu na própria pele e deu a volta por cima.

Já Dilma está deixando a presidência acusada de ter mentido na campanha, maculado as contas públicas e ter jogado o país na maior crise de sua história.

Fez isso por ser mulher? Claro que não. Além da falta de experiência e traquejo, juntou-se a um grupo que assaltou o país e não se tem notícia de que tenha procurado resistir ao cerco.

A ele se entregou como um cordeirinho.

* Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher de Pernambuco

**Do site do PSDB-PE