Opinião

“República de Pernambuco”, por Terezinha Nunes

Foto: PSDB-PE

Foto: PSDB-PE

No final da década de 70, quando trabalhava em São Paulo, colegas jornalistas indagavam porque Pernambuco tinha tantos nomes fortes na política – na época apoiando ou se opondo à ditadura – quando São Paulo, um grande estado, não tinha a mesma expressão.

Costumava dizer que em São Paulo, estado economicamente forte, certamente os jovens eram logo cedo incentivados a montar empresas, fazer negócios. Já Pernambuco, estado pobre e que se notabilizou pela luta política desde o império, via o mundo por outra vertente: a da política.

Já naquela época, a esquerda e a direita em Pernambuco tinham líderes de expressão nacional como Marcos Freire, Jarbas Vasconcelos, Fernando Lyra, Roberto Freyre pela esquerda – Arraes ainda estava no exílio – e nomes como Marco Maciel, Roberto Magalhães, Joaquim Francisco e Gustavo Krause pela direita.

Todos com grande prestígio nacional.

Se alguém tinha ainda dúvida desse poderio pernambucano que, recentemente, contou com a pré-candidatura a presidente do falecido governador Eduardo Campos, o Governo Temer veio reafirmá-lo com a designação de nada menos do que quatro políticos pernambucanos para compor o novo ministério.

Era comum ouvir em Brasília na solenidade de posse dos novos ministros que Temer havia inaugurado a “República de Pernambuco”, uma forma exagerada mas pertinente de mostrar a surpresa dos demais estados, sobretudo os outros estados nordestinos, pela presença dos deputados federais Bruno Araújo, Mendonça Filho, Fernando Filho e Raul Jungmann no primeiro escalão.

Havia também surpresa com o fato de três dos quatro ministros serem jovens, o que significa que, além das personagens citadas acima, Pernambuco continua a fornecer ao Brasil políticos de peso na nova geração que está aí para conduzir a política no futuro.

Com a credencial de terem todos eles sido indicados pelas bancadas dos seus partidos o que significa que, além da capacidade, mostraram liderança junto aos colegas de outros estados – do sul e do norte – qualidade fundamental para alcançar o poder e comandar destinos.

No caso do deputado federal Raul Jungmann há que se ressaltar o fato de vir e um partido pequeno, o PPS, e de ser apenas um suplente, condição que o tiraria até mesmo das especulações mas valeu também e pesou muito seu conhecimento da área militar e o fato de ter feito um trabalho reconhecido como Ministro da Reforma Agrária no  Governo Fernando Henrique.

Nas décadas recentes todos os presidentes tiveram pernambucanos em suas equipes ministeriais mas com a expressão atual não se tem notícia. No segundo mandato da presidente Dilma, por exemplo, tivemos apenas um: o senador Armando Monteiro Filho.

Com algumas exceções, como Gustavo Krause que foi ministro da Fazenda de Itamar Franco e o próprio Armando que foi ministro do Desenvolvimento Econômico,  normalmente se colocava pernambucanos em ministérios com características regionais. Os quatro de agora têm dimensão nacional em pastas de grande envergadura como Educação, Cidades, Minas e Energia e Defesa.

*Artigo da presidente do PSDB Mulher-PE, Terezinha Nunes, publicado no Diario de Pernambuco nesta quinta-feira (02/06)