Opinião

“A responsabilidade de todos nós”, por Terezinha Nunes

* Artigo de Terezinha Nunes, presidente do PSDB Mulher-PE

O Brasil inteiro sabia, mesmo os petistas, que não haveria solução à vista sem a saída da presidente Dilma do cargo.

Houve esperneios e ainda estão existindo muito mais provenientes de setores organizados, alguns por interesse próprio, outros por não aceitarem perder, mas a própria discussão na Câmara e no Senado do processo de impeachment demonstrou que o PT estava nas cordas e nem ele mais acreditava em êxito.

Continua-se apregoando um golpe, tese com dias contados para acabar. Já murchou no exterior depois que países grandes como Alemanha e Estados Unidos não aceitaram engolir a piada, recolhendo-a aos países da América do Sul que de alguma forma se beneficiavam do governo petista.

No Brasil, grupos ligados ao PT e PCdoB vão continuar repisando o tema mas a tendência é o esvaziamento.

Manifestações vão continuar a existir mas isso faz parte da democracia.

Restará, porém, o principal que é a necessária sustentação que o novo presidente precisa ter para tirar o país do buraco. Não demorou muito para se ver a dimensão dele e é infinitamente maior do que até os mais pessimistas suspeitavam.

O déficit fiscal chega aos R$ 170 bilhões, há suspeita de desvio de recursos públicos por toda parte. Auditorias precisam ser feitas em vários ministérios e as CPIs que poderiam ajudar na varredura não conseguem andar diante da perplexidade no Congresso Nacional em função da herança maldita deixada pela presidente afastada.

Com um governo de “emergência”, como bem definiu o ex-presidente Fernando Henrique, Temer necessita de todos os partidos da base a firmeza na defesa e na votação das medidas que estão por vir e que serão duras como dura e profunda é a crise.

Os problemas talvez exijam muito mais do que o simples envio de medidas a serem aprovadas no Congresso.

Quando vive-se uma emergência tudo passa a ser emergente, desde os cortes na máquina pública até mudanças que possam vir a ser feitas na equipe como aconteceu com o ministro Romero Jucá.

A Lava Jato está andando, vai e deve continuar a andar, ir fundo em todas as investigações e só encerrar com a punição dos culpados.

Até lá o novo governo conviverá com essa operação que, exitosa, é a maior alavanca para o surgimento de um novo Brasil mais ético, mais responsável e de pessoas mais conscientes na hora do voto.

Não se passa um país a limpo sem percalços e sobressaltos. Precisamos aprender a conviver com eles e, até conseguirmos respirar melhor, administrar as crises no dia a dia.

Nada pior do que, além de ter amargado os 13 anos da Era PT, chegar ao ponto em que chegamos de um país quase ingovernável e uma presidente que teima em acionar o seu exército de militantes – quase todos agora jogados na fila dos 11 milhões de desempregados – a bradar nas ruas falando em golpe que não houve.

O Brasil não merece tamanha irresponsabilidade. Cabe aos que nunca concordaram com os métodos petistas batalhar para, responsavelmente, salvar o Brasil.

É o que esperam de nós todos os brasileiros que sofrem as incertezas, os medos e as angústias de uma crise que lhes caiu no colo, um monumental presente de grego.