Opinião

“Dia dos Sem Trabalho”, análise do ITV

carteira_de_trabalho_-_marcello_casal_jrO 1° de Maio não será de comemoração para o trabalhador brasileiro. Infelizmente, o desemprego deixou de ser apenas um fantasma e passou a habitar lares de milhões de famílias. Voltar a gerar empregos deve ser o primeiro objetivo do governo que assumirá o comando da nação nas próximas semanas.

Nesta manhã, o IBGE revelou que o desemprego voltou a bater recorde no país, de acordo com a nova rodada da Pnad Contínua, que mede o comportamento do mercado de trabalho em cerca de 3.500 municípios.

A taxa de desocupação atingiu 10,9% no primeiro trimestre, o que equivale a alta de três pontos percentuais em apenas um ano. O país tem agora nada menos que 11,1 milhões de pessoas sem emprego. São 3,2 milhões a mais do que no primeiro trimestre do ano passado.

Se a comparação for feita com a época em que a presidente Dilma Rousseff obteve sua reeleição, a bordo de um marketing fantasioso que jurava que o Brasil vivia em “pleno emprego”, o exército de desempregados já ganhou mais 4,6 milhões de pessoas.

A população desocupada cresceu 40% em apenas um ano. Se considerado o período desde a reeleição do engodo, aumentou 72%. Para complicar, muito provavelmente este contingente vai continuar subindo nos próximos meses, enquanto a economia não encontrar algum porto seguro para voltar a avançar.

Quem consegue manter-se no emprego vê seus vencimentos despencarem. Os rendimentos caíram 3,2% sobre o mesmo trimestre do ano passado. É reflexo não apenas da maior desocupação, mas também da precarização do mercado: os empregados com carteira assinada diminuíram 4% em um ano.

Este é o maior desafio a ser encarado de imediato pela equipe de Michel Temer. Neste sentido, a agenda das primeiras medidas econômicas cogitadas pelo novo governo é alvissareira. Pretende-se enfrentar o descalabro das contas públicas patrocinado pelo PT e, na outra ponta, desatar os nós que travaram os investimentos privados durante anos.

É especialmente auspiciosa a possível indicação de José Serra para o Ministério das Relações Exteriores, a partir de agora também imbuído das negociações comerciais do país. Sabe-se do ímpeto do senador pela ampliação de mercados para produtos brasileiros no exterior e da sua adequada visão em favor da revisão das amarras que hoje embaraçam nossa política comercial em razão das regras impostas pelo Mercosul.

Todas as ações doravante deverão estar voltadas a redinamizar a economia brasileira, gerar riqueza e emprego, superando a asfixia do intervencionismo e da leniência no trato dos recursos públicos. Foi esta salada indigesta de má gestão, incompetência e ideologia démodé que tirou o prato de comida da mesa de milhões de brasileiros hoje sem emprego.