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Oposição quer derrubar manobra do governo para esvaziar sessão do impeachment

Na tentativa de esvaziar o plenário da Câmara no dia da votação do relatório favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo tenta convencer parlamentares a se ausentarem da sessão, marcada para este domingo (17).

Como a oposição precisa reunir 342 deputados a favor do impeachment para que o processo de perda de mandato seja aprovado, o governo acredita que as ausências podem ajudar Dilma – especialmente em relação aos deputados que não querem se expor publicamente, votando a favor da petista. A ausência seria uma forma de ajudar o Palácio do Planalto sem declarar, publicamente, o voto contrário ao impeachment.

Deputados da oposição, no entanto, estão de olho na tática e apresentaram, nesta terça-feira (13), uma questão de ordem na Câmara pedindo que os ausentes que alegarem problemas de saúde sejam submetidos a exame do Departamento Médico da Casa.

Caso os médicos da Câmara não confirmem os problemas de saúde dos parlamentares ausentes, a oposição defende que esses deputados respondam a processo de cassação dos seus mandatos por quebra de decoro no Conselho de Ética da Casa, sob alegação de fraude no processo de votação.

Em 1992, quando o Congresso Nacional se reuniu para votar o pedido de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, o primeiro a manifestar sua posição a favor da perda do mandato foi o então deputado Roberto Campos, que compareceu à sessão de cadeira de rodas. Campos havia sofrido uma crise de diabetes e se encontrava internado. Mesmo assim, ele deixou o hospital e foi ao plenário da Câmara. Votou e retornou ao hospital – em um gesto oposto ao articulado atualmente pelo governo federal.

Para o deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP), o controle sobre os ausentes é necessário diante do acovardamento de alguns parlamentares que pensam em não votar.

“Isso é um golpe sujo contra o Brasil e os brasileiros. O deputado tem responsabilidade de se posicionar a favor ou contra o impeachment. Incentivar a ausência e estimular o acovardamento das posturas e da presença, do enfrentamento da questão, sem dúvida, é mais uma irresponsabilidade, mais uma demonstração de inconsequência, de ausência de compromisso ético”, afirmou.

Lippi espera que a punição venha também das ruas, quando em tempo de eleições a população se recuse a votar nesses deputados novamente. “Eu espero que essas pessoas possam ser punidas não apenas sob o ponto de vista administrativo, mas também nas urnas, pelo acompanhamento e avaliação dos eleitores brasileiros.”