O repertório da presidente da República é cada vez mais restrito. Suas palavras são insuportavelmente repetitivas. Seu monocórdio vocabulário e suas reiteradas ações limitam-se apenas a tentar preservar o único emprego que lhe interessa: o dela mesma. A petista transformou seu mandato numa pregação para convertidos, uma campanha eleitoral perene. Para ela, o impeachment em marcha é “fraude”. Para o Brasil, fraude é Dilma Rousseff, aquela que nunca foi o que disse que seria; nunca fez o que disse que faria.
Ontem no Palácio do Planalto, a presidente realizou a sétima cerimônia seguida destinada a fazer proselitismo político, reunir seus (cada vez mais) poucos defensores e repetir seu mantra em torno de um suposto “golpe” pela sua destituição. Há três semanas tem sido assim, mas há muito mais tempo o país foi abandonado por Dilma. Não há governo, apenas a luta pela sobrevivência da petista no cargo.
Orientada por Lula, Dilma desta vez mirou o vice-presidente da República. Sem nominá-lo diretamente, disse que há “chefe e vice-chefe do golpe”, que “agem em conjunto e de forma premeditada”. Acusou-os de “leiloar posições” no futuro governo. Se fosse uma autocrítica, teria sido perfeita: a presidente censurou em Michel Temer o que ela mesma e seu tutor têm feito desabridamente nas últimas semanas.
Quem, afinal, está negociando tudo e todos na bacia das almas de cargos e verbas públicas para salvar o mandato? Quem tem gabinetes paralelos instalados em hotéis da capital federal para despachar com interessados nas migalhas do poder? Quem formula gritos de guerra e lança ordens de comando para serem repetidas pelo país afora para afrontar o processo do impeachment? São Dilma, Lula e seus petistas aloprados.
Se há algo que seja ilegítimo, ilegal e atentatório à Constituição é o que a presidente, seu antecessor e seu partido fazem para se preservar no poder. Para azar deles, e sorte do Brasil, o balcão da fisiologia está fazendo água, perdendo até ávidos compradores da hora da xepa. Para infelicidade deles, e júbilo da nação, a cidadania dos brasileiros está derrotando a manipulação e o engodo que sempre foram a tática do PT.
Não há “golpe”, “conspiração”, “farsa” ou “fraude” em marcha. Há, sim, um processo realizado estritamente dentro dos limites da Constituição que resultará em duas votações – a primeira delas no domingo, na Câmara – que irão definir se a presidente da República feriu a norma constitucional ao cometer crimes de responsabilidade. Se perder, ela sai; se ganhar, fica. Onde está o motim e onde estão os insurretos?
Quem depõe contra a democracia, quem age como se pudesse ganhar a discussão no grito, quem incita o embate são os de sempre: os petistas. O mais grave é que, de uns tempos para cá, o que começou como palavra de ordem de porta de fábrica e se tornou slogan de intimidação político-eleitoral passou a figurar nos anais da República na forma de discursos da principal mandatária da nação. A fraude ascendeu ao púlpito. Agora, felizmente, está perto de descer, tão logo Dilma Rousseff seja apeada de lá.