O governo da presidente Dilma Rousseff perdeu o controle das epidemias causadas pelo mosquito Aedes aegypti e já não sabe diferenciar dengue de zika. As informações são de matéria publicada nesta segunda-feira (4) pelo jornal O Estado de S. Paulo. Segundo o jornal, a dúvida foi levantada após dados oficiais sugerirem um aumento expressivo nos casos de dengue, o que seria inusitado. A situação sugeriu que muitas incidências identificadas como dengue podem, na verdade, ser zika.
Segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, em apenas 21 dias, o número de casos de dengue duplicou. As ocorrências deste ano já são maiores do que as registradas em 2015, quando a epidemia de dengue, zika e chikungunya atingiu seu ápice e os casos de microcefalia tiveram crescimento acelerado ao longo do território nacional.
A rapidez do aumento dos números relacionados à dengue surpreendeu os especialistas, pois o aumento dos casos por dois anos consecutivos nunca havia sido registrado desde quando o vírus da dengue foi identificado no Brasil na década de 1980.
De acordo com o diretor de Vigilância em Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, a dengue apresenta quatro subtipos de vírus. Ele explica que é muito difícil ocorrer duas epidemias seguidas causadas pelo mesmo sorotipo. E é exatamente o que estaria acontecendo no Brasil. Dados do próprio ministério apontam que, até agora, a epidemia de 2016 é provocada sobretudo pelo subtipo 1, o mesmo de 2015.
A confusão de diagnósticos e a confirmação da repetição da epidemia causada pelo mesmo sorotipo indicam que casos relatados como dengue sejam de zika. A chikungunya é a mais fácil para identificar por comprometer as articulações de forma expressiva.
Para complicar ainda mais, não é possível confiar nos testes de laboratório. Segundo, o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho, tanto dengue quanto zika são arbovírus [vírus transmitido por mosquito] e há um alto risco de uma infecção por zika provocar resultado falso positivo para dengue.
O aumento dos indicadores oficiais, que contabilizam os casos de dengue, zika e chikungunya, provam ainda que ainda existem um grande número de criadouros do mosquito em atividade.