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Na Época: A breve vida de um bebê com microcefalia expõe a fragilidade da saúde no Brasil

Foto: Agência Brasil

A história do pequeno Isaac mostra que o país não está preparado para cuidar das vítimas da microcefalia associada ao vírus da zika

ALINE RIBEIRO (TEXTO) E JARBAS OLIVEIRA (FOTO), COM THAIS LAZZERI| ÉPOCA

25/02/2016 – 13h10

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Kelly beija o corpo do filho Isaac na quinta-feira.O bebê, que nasceu com microcefalia em outubro, morreu na semana passada (Foto: Jarbas Oliveira/ÉPOCA)

O frentista Wallynson Dantas despertou sonolento na madrugada da quinta-feira, dia 18. Por volta de 2 horas da manhã, levantou antes que seu bebê acordasse faminto. Como fez nos últimos três meses, seguiu até o berço branco de madeira, colocado propositalmente ao lado da cama do casal, e curvou o tronco para a frente a fim de chegar mais perto do filho. Tocou a fralda de José Isaac e percebeu que havia algo diferente. Ao pousar sua mão sobre os braços e as pernas da criança, sentiu seu corpinho frio e desfalecido. Isaac não estava respirando. Wallynson chacoalhou a mulher, a dona de casa Kelly Sabrina da Silva, e com o filho no colo os dois correram até o hospital de Ipaumirim, a pequena cidade onde vivem, no interior do Ceará. Isaac nascera prematuro no dia 30 de outubro do ano passado. Com o diagnóstico de microcefalia severa, era um bebê frágil e miúdo. Sua breve vida de 3 meses e 19 dias expõe como o Brasil está despreparado para enfrentar uma das piores tragédias da saúde pública das últimas décadas.

Aos 23 anos, Kelly foi mãe de primeira viagem. Cumpriu o roteiro típico das jovens que sonham em vestir branco e construir uma família: casou-se em janeiro do ano passado e engravidou na sequência. Por causa da confusão com os preparativos para seu grande dia, descuidou-se do anticoncepcional e acabou por conceber Isaac sem nenhum esforço. Embora não tenha sido minuciosamente planejada, a chegada do primeiro filho foi comemorada com entusiasmo. Em várias ocasiões, a família brincou de imaginar como seria o rostinho do bebê. Uma disputa entre os avós paternos e maternos pretendeu definir para qual time de futebol o pequeno Isaac torceria, se para o Flamengo ou para o Vasco.

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