Conhecida por todos como “Neuzinha”, a vereadora de Vitória Neuza de Oliveira foi criada no Morro da Gurigica, no bairro Consolação, em Vitória. De origem humilde e batalhadora, tem espírito de liderança e sempre lutou por melhores condições sociais para todos.
A história política de Neuzinha teve início cedo, foi eleita presidente da Associação de Moradores do Bairro Consolação, onde deu continuidade aos trabalhos desenvolvidos por seus pais. Como presidente, Neuzinha implantou cursos de pré-vestibular, escolinha de alfabetização para crianças e adultos, cursos profissionalizante, além de promover o esporte e lazer na comunidade.
Neuzinha de Oliveira é a vereadora mais bem votada no Espírito Santo, representando a força da mulher na Câmara Municipal de Vitória.
Na Câmara, o trabalho de Neuzinha pode ser observado à frente das Comissões de Saúde e Assistência Social; Defesa e Promoção dos Direitos das Mulheres. A Vereadora compõe a Comissão de Educação e representa a Câmara no Conselho Municipal do Idoso.
Neuzinha é autora de Projetos de Lei com foco na defesa e saúde da mulher, idosos, crianças e pessoas com deficiência.
Confira a entrevista:
A senhora considera motivo de comemoração os 84 anos do direito da mulher ao voto?
Sim, é claro que sim, toda conquista deve ser comemorada, ainda que num aspecto geral a plenitude dos direitos e igualdades de gênero esteja longe do ideal. É uma necessidade de resgatar a memória dos fatos históricos e das personagens que permitiram esse inegável avanço. Comemorar no sentido de preservar a memória e lembrar da importância do fato, dentro de um processo histórico de mudança que está em andamento e precisa de muito mais conquistas.
Quais são os aspectos que ainda necessitam de avanço dentro desse processo histórico a que a senhora se refere?
Além da presença maior da mulher nos espaços de poder, que enobrece as instituições, oxigena e melhora o sistema social tanto do ponto de vista político quanto humano, ainda temos muitos resquícios do patriarcado que imperou no país ao longo dos séculos, herança perversa que tem fortes raízes na atualidade. Acredito que o aspecto principal é dar capilaridade a esse direito, é torná-lo palpável para as mulheres de todos os segmentos sociais. Além disso, é fundamental fomentar a participação da mulher na política, incentivá-la a descobrir as competências políticas que tem e estimular a usá-las em sua instância familiar, no entorno, na rua, no bairro, e na cidade em que vive.
Como é possível promover o aumento da participação da mulher na política?
Creio que, primeiro, é necessário mudar o paradigma dentro dos partidos, ainda pouco afeitos a essa necessidade. Hoje, muitos partidos agem meramente em função de cumprir a exigência legal no que diz respeito ao número de candidatas. Isso é muito pouco. Os partidos tem que ser a ferramenta de libertação desse sistema opressor, e isso passa por formação política, conscientização da mulher do papel relevante que representa. O problema é que, via de regra, o poder ainda está em sua maioria na mão dos homens, que detém o poder econômico na composição nuclear da sociedade, que é a família, porque detém os cargos de melhor remuneração no mercado de trabalho, incluindo os cargos de gestão nos setores público e privado. As mulheres tem que deixar de ser a exceção nesse contexto.
Mas isso não está mudando?
Sim, está mudando, mas o ritmo da mudança deve ser maior, na proporção da importância da mulher. Hoje somos maioria na população brasileira. Insisto na ideia de que os partidos políticos tem a obrigação de se instrumentalizar para acolher as mulheres que tem dentro de si o desejo de maior participação partidária, e para ir até aquelas que são potenciais lideranças, mas que não tem a iniciativa de buscar essa inserção. Muitas não dão o passo adiante em virtude de não ver nas siglas uma estrutura que as contemple. Além disso, os partidos tem que formar lideranças femininas, qualificar as atuais e futuras gerações de mulheres para saber dos seus direitos e ter em si a semente da consciência social e política, que certamente vai gerar bons quadros femininos não só na vida política, mas na sociedade de modo geral.
O que os partidos devem fazer para incentivar essa participação?
Bom, além de elaborar cursos de formação política, devem estruturar o segmento de gênero em seus diretórios, promover campanhas de filiação, ir para as comunidades em busca dessas mulheres aguerridas e que só precisam de incentivo para se lançar na vida pública. Além disso, creio que uma melhor distribuição dos fundos partidários é importante para dar suporte a esse trabalho, bem como para democratizar as instâncias partidárias como um todo.
*Do site do PSDB-ES