Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira (15/02) pelo jornal Folha de S. Paulo, a estimativa da prevalência da microcefalia nos Estados Unidos varia entre dois e 12 casos a cada 10 mil nascimentos. Considerando-se que nos EUA nascem 4 milhões de bebês ao ano, seriam de 800 a 4.800 casos de microcefalia ao ano.
Os registros oficiais do Brasil, contudo, apontavam apenas 150 casos de microcefalia ao ano, em média, até 2014. Se as mesmas estimativas dos EUA fossem projetadas no Brasil, onde nascem 3 milhões de crianças por ano, seriam de 600 a 3.600 casos anuais de microcefalia.
Para se ter uma ideia, no surto inicial de zika vírus iniciado em 2015, foram confirmados 462 casos de microcefalia ou outras alterações do sistema nervoso central, 41 delas associadas à zika. Outros 3.852 registros são investigados. Mas ao analisar diferentes bases de dados, os grupos de pesquisa encontraram um número muito maior de casos de microcefalia na era pré-zika. A estimativa é que pelos menos 6.000 bebês tenham nascido com a má-formação por ano.
Ao jornal, o geneticista Décio Brunoni, da pós-graduação em distúrbios do desenvolvimento do Mackenzie, afirmou que a subnotificação de anomalias congênitas, como a microcefalia, ocorre em quase todo o país. Já o especialista em genética médica da PUC-PR Salmo Raskin destacou que as informações desatualizadas divulgadas pelo governo federal são um retrocesso.
“Os dados do Ministério da Saúde são inúteis no que se refere à epidemiologia da microcefalia. Melhor que não houvesse porque só serviram para atrapalhar ainda mais o cenário”, completou Raskin.