Opinião

“Dilma sai e bonecos de Moro e Ishii comandaram folia em Olinda”, por Terezinha Nunes

terezinha-nunesComandada há 16 anos pelo PCdoB, partido mais fiel à presidente Dilma do que o próprio PT, a cidade de Olinda celebrou o carnaval – um dos mais animados dos carnavais de rua do país – guardando providencial distância da presidente.

A Embaixada dos Bonecos Gigantes, que organiza o desfile dos bonecos pelas ruas da cidade – este ano foram 80 os participantes – manteve, pelo segundo ano consecutivo, a alegoria que representa a presidente, confeccionada em 2010,quando ela foi eleita pela primeira vez, devidamente recolhida ao estaleiro.

“Observamos um clima chato em 2014 quando a alegoria da presidente foi vaiada e decidimos não mais exibi-la” afirmou o produtor cultural Leandro Castro, organizador do desfile. E acrescentou “como o carnaval é um momento de alegria preferi que a réplica da presidente não entrasse para evitar constrangimentos”.

Ninguém defendeu a presença da presidente, nem mesmo o prefeito Renildo Calheiros, do PCdoB, e fiel escudeiro de Dilma. Na verdade, o receio de todos seria manchar a imagem mais característica do carnaval olindense – representada pelos bonecos – por conta da impopularidade cada vez mais crescente da presidente.

Se em 2014 Dilma foi vaiada como candidata à reeleição e acabou vencendo o pleito em Pernambuco com mais de 70% dos votos, imagine o que aconteceria agora que, mesmo no Nordeste, são mais de 60% os eleitores que defendem seu impeachment?

A festa dos bonecos acabou premiando os personagens que mais irritam o PT na atualidade: o japonês da PF, Newton Ishii e o juiz Sérgio Moro, cujos bonecos estreantes foram os mais aplaudidos e requisitados pelos foliões para fotografias.

O desfile dos bonecos, que medem 4 metros de altura e pesam 20 kg, é o momento mais celebrado no carnaval olindense. Leandro mantém a tradição de fazer os bonecos dos presidentes no exercício dos cargos e de mantê-los no desfile até o final do mandato. Isso aconteceu, por exemplo, com Fernando Henrique e Lula. As réplicas dos dois foram utilizadas nos desfiles até que ambos saíram do Palácio do Planalto.

A réplica da presidente Dilma foi a única até agora retirada do desfile dos bonecos gigantes para evitar problemas.

Além de Ishii e Moro, desfilaram sob aplausos do público, que lotou as ladeiras olindenses, os bonecos de políticos como o ex-governador Eduardo Campos, já falecido; de artistas consagrados como Ariano Suassuna e Chico Science (também falecidos), Alceu Valença e Luiz Gonzaga; de personagens tradicionais do carnaval pernambucano a celebridades da TV e do Futebol como Pelé, Neymar e Ana Maria Braga. Também não faltaram réplicas de Chaves, John Lennon, Bob Marley, Lampião, Dick Vigarista e Mestre Yoda de Star Wars.

Só não teve mesmo lugar para Dilma, prescrita mesmo no exercício do mandato. O nome da presidente também não foi citado em nenhum polo de animação.

Dilma, é bom lembrar, foi o grande destaque do camarote do Governo de Pernambuco no bloco Galo da Madrugada, no Recife, no domingo de carnaval de 2010 quando, ainda candidata, foi recepcionada pelo governador Eduardo Campos, que a apoiava. A presidente também andou naquele ano pela cidade de Olinda onde também foi recebida com mimos pelo PCdoB. Sorridente chegou a usar um chapéu de Mateus – um personagem do carnaval – reproduzindo a bandeira de Pernambuco.

*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher de Pernambuco