A indústria brasileira registrou o pior desempenho no terceiro trimestre entre mais de 130 nações, que representam 95% da indústria no mundo. O setor recuou 11% em relação ao mesmo período do ano passado e até o fim deste ano a queda deve ser de 8%.
As informações são do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) com base em um levantamento feito com números da Unido, órgão das Nações Unidas que também estuda o desenvolvimento industrial.
O Brasil fica atrás da média da indústria global que é de 2,7%. Já nos países desenvolvidos a produção industrial cresceu 1,2% no terceiro trimestre e teve alta de 5%, conforme matéria publicada hoje (28) no jornal Folha de São Paulo.
A América Latina tem o pior desempenho por região (-3,2%). Os países latinos tiveram uma fraca performance, mas nada se compara ao Brasil. No Peru e na Colômbia, as quedas foram de 3,2% e 0,3%, respectivamente. A Argentina ficou estável. Chile e México são exceções com resultados positivos. A Unido não inclui a Venezuela em seu levantamento.
Na América do Norte, houve alta de 1,8%, e, na Europa, de 2%. Na África, onde a indústria é incipiente, houve estagnação (0,1%).
O economista e coordenador do grupo de indústria do Instituto de Economia da UFRJ, David Kupfer afirmou que em razão da falta de investimentos e da transferência de produção para o exterior a indústria enfrenta forte recessão e perda da competitividade.
Especialistas dizem que as medidas adotadas pelo atual governo da presidente Dilma Rousseff não salvaram a indústria, porque focaram a demanda por produtos, e não o aumento da competitividade. A política anticíclica do governo durou tempo demais e antecipou para 2010 e 2011 uma demanda de produtos que deveria estar ocorrendo hoje.
“E não há horizonte de melhora”, diz Kupfer. Para o economista, a desvalorização do câmbio vai trazer alívio, mas teria que durar muito tempo para que a indústria voltasse a investir em produtividade e inovação.