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Empréstimo de R$ 12 milhões a amigo de Lula foi “abençoado” pelo ex-presidente, diz delator

bumlaiBrasília (DF) – Um empréstimo de R$ 12 milhões pedido pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, e concedido em 2004, teria sido “abençoado” pelo petista. A afirmação foi feita pelo empresário Salim Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, durante delação premiada. Segundo ele, o dinheiro teria como destino final os cofres do PT.

As informações são de reportagem desta quinta-feira (26/11) do jornal O Estado de S. Paulo. De acordo com a publicação, a operação do empréstimo foi revelada pelo delator Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras. Em outubro, Musa contou à força-tarefa da Lava Jato que Bumlai e o lobista Fernando Baiano teriam dirigido um contrato da estatal de R$ 1,3 bilhão, como compensação a uma dívida de “R$ 60 milhões” do PT com a Schahin.

Segundo Salim, o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, ligou para ele pessoalmente. “Em meados de 2004, José Carlos Bumlai foi trazido ao Banco Schahin pelo então executivo do banco Sandro Tordin, buscando tomar um financiamento de R$ 12 milhões. Na ocasião foi apresentado um pedido de empréstimo, alegando-se, inclusive, que se tratava de um pedido do Partido dos Trabalhadores e ele, José Carlos Bumlai, tomaria o empréstimo em nome do partido, pois havia uma necessidade do PT que precisava ser resolvida de maneira urgente”, registrou a força-tarefa.

O empresário contou que, dois dias depois, foi realizada uma nova reunião na sede do Banco Schahin, dessa vez com a presença de Bumlai e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, condenado em 2012 no julgamento do mensalão. “O empréstimo foi concedido porque abriria oportunidade de retorno em negócios para o grupo empresarial junto ao governo”, disse no depoimento.

Salim Schahin contou ainda que, nesse segundo encontro, Bumlai e Delúbio informaram que como “evidência adicional”, a Casa Civil procuraria um dos acionistas do banco. “Dias depois o depoente (Salim Schahin) recebeu um telefonema de José Dirceu. A conversa tratou de amenidades não abordando a operação de Bumlai, mas a mensagem estava entendida”, completou o texto da força-tarefa.